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Cego pelo poder, fracassado político vive da inveja da vitória alheia

Triste do homem público que transforma um fracasso eleitoral em conflito pessoal. O mundo está cheio deles, mas é somente no Brasil que os frustrados acham que os ganhadores sempre roubam sua vitória. Também é no Brasil onde estão os piores fracassados, aqueles que sobem em um pedestal exaltando a si próprio e nunca reconhecem suas fragilidades e suas dificuldades. Um golpe talvez seja a grande diferença entre o mal sucedido e o vitorioso. Derrotado, o primeiro tenta se vingar daquele que triunfou. Já o vencedor prefere divulgar as fracassadas intenções do golpe. E faz muito bem.

Terrível é o rancor. Ainda mais terrível é fingir que ele não existe. E só existe porque alguém nos fez rancoroso. Que vistam a carapuça aqueles que transformaram caríssimas emoções em ódio gratuito. Quem não se lembra das duas últimas eleições presidenciais. Elas provaram que o maior problema de quem fracassa na política é achar que nenhuma vitória alheia é digna. De lá para cá, a política nacional virou um ringue a céu aberto. Felizmente as afrontas, os ganchos e os diretos da direita assustaram a esquerda, mas acabaram derrubados pela coragem e pela firmeza dos juízes.

Misturando inveja, pequenez de caráter e soberba, o fraquejado esquece que a base do mundo da política é sobre construir e não sobre conquistar. Está escrito nas pedras filosofais que, quando a política se distancia da ética, o poder se fantasia de opressão. Pois é justamente contra essa dominação autoritária que a parte boa do Poder Judiciário vem lutando. No Brasil do século 21 não cabem mais governantes cercados de fanáticos violadores das leis para nos manietar, coagir, chicotear e dividir.

Coerção, abuso e cangalhas são coisas do passado. Não queremos mais o Brasil dos senhores feudais, muito menos de invasores loucos. Para o bem do povo ordeiro, as ideias dos fracassados acabam fortalecendo a mente dos guerreiros. Da mesma forma, a inveja e a incurável cegueira do fanatismo geram nos seres física e intelectualmente incompetentes “virtudes” capazes de propagar com rastilho de pólvora esses tipos de doenças. Depois de 2022, o fracasso e a inveja, que têm o hábito de se disfarçar de pessoas de bem, assumiram de vez o corpo, a alma e a mente dos maldosos.

Tanto que hoje, além da desculpa de que foi roubado, perder uma eleição pode significar uma ameaça real à democracia. Fora do poder, sem papáveis capazes de esquecer a bajulação a um cardeal sem barrete, sem homens de batina corajosa e cada vez mais com menos fiéis, a Seita Golpista do Fracasso Diário não abandona qualquer oportunidade de fazer o que mais gosta: espezinhar os vitoriosos. É o que Jair Bolsonaro, Silas Malafaia, Valdemar Costa Neto e demais serviçais políticos fazem diariamente.

Foi o que fez recentemente uma senadora bolsonarista de cabeça, tronco e membros ao sugerir que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seja submetido a um exame de sanidade mental. Do alto de minha insuficiência médica, acho que o inverso seria bem mais próximo da realidade. Coisas do Brasil que obriga o bêbado, a equilibrista e as Clarisses, todos sofridos, esperançosos, resistentes e carregados de simbolismo a conviver pacificamente com aqueles que etimologicamente se revelam patéticos, néscios, ineptos, normalmente desprezíveis e metaforicamente fora de órbita.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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