Após meses de estiagem prolongada, a tão esperada chuva voltou a cair em várias regiões do Nordeste brasileiro, trazendo alívio aos agricultores e à população que convive com os impactos da seca. Estados como Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte registraram chuvas acima da média nas últimas semanas, impulsionando a recuperação de reservatórios e reavivando a economia rural.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a atuação de sistemas como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a umidade vinda da Amazônia favoreceram o retorno das precipitações. Em cidades do Sertão e do Semiárido, que enfrentaram até cinco meses de estiagem severa, os volumes acumulados em junho surpreenderam: em algumas localidades, já choveu o equivalente a 70% da média histórica do mês.
“As chuvas chegaram em boa hora. O milho e o feijão já estavam perdidos, mas conseguimos salvar parte da lavoura. O verde voltou”, relata José Amaro, agricultor familiar de Iguatu, no Ceará.
Além da agricultura, o retorno das chuvas também impacta positivamente o abastecimento de água. Açudes que estavam em níveis críticos voltaram a receber recarga, e em algumas cidades os sistemas de rodízio estão sendo suspensos temporariamente. No entanto, especialistas alertam que o alívio ainda é momentâneo.
Apesar do cenário mais otimista, meteorologistas e ambientalistas destacam a necessidade de cautela. A irregularidade das chuvas no Semiárido é um fenômeno natural da região, e as mudanças climáticas vêm tornando os ciclos de seca e chuva ainda mais imprevisíveis.
“É preciso investir em políticas de adaptação. A chuva voltou, mas não podemos esquecer que o Nordeste continua vulnerável”, explica a climatologista Lúcia Tavares, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Nas comunidades rurais, a água da chuva significa muito mais do que um fenômeno climático: representa esperança, resiliência e continuidade da vida. Crianças brincam nas poças, o pasto volta a brotar, e os poços reaparecem nos quintais. É o ciclo da natureza que, mesmo instável, segue sendo celebrado com fé e gratidão.
