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Chegada do São João cria oportunidades para nordestino melhorar renda

Nesse começo de junho, o cheiro de fumaça doce no ar já denuncia: o São João se aproximava. As ruas começam a se enfeitar com bandeirolas coloridas, e o som das primeiras sanfonas ensaia o que será uma verdadeira celebração da cultura nordestina. Em meio ao forró, às quadrilhas e ao milho cozido, há também outra tradição que se renova: a luta e a criatividade do povo para gerar renda durante esse período.

Dona Zefa, por exemplo, começa a preparar sua casa com meses de antecedência. Seus filhos ajudam a montar a barraca na porta, onde ela vende bolo de milho, pamonha e canjica — receitas passadas de geração em geração. Em cada colherada, um pedaço de história e sustento.

“É no São João que a gente tira o reforço do mês”, ela diz, enquanto mexe o tacho com cuidado. E não é só ela. Nas cidades do interior, o festejo movimenta toda uma cadeia produtiva: agricultores vendem milho e mandioca em maior escala, costureiras ganham dinheiro confeccionando vestidos de chita para as quadrilhas, músicos locais têm suas agendas cheias, e até os jovens aproveitam para vender artesanato ou trabalhar como garçons em festas comunitárias.

Os arraiais viram vitrine da riqueza cultural e econômica do Nordeste. A festa, além de alegria, é estratégia de sobrevivência. O São João é mais que fogueira e bandeira: é um símbolo de resistência, um sopro de esperança em meio às dificuldades que ainda enfrentam tantas famílias da região.

E ali, entre uma dança e outra, o que se vê é um povo que transforma tradição em oportunidade. Um povo que, mesmo com pouco, sabe fazer muito. Porque o São João, no Nordeste, não é só festa — é fonte de renda, de orgulho e de força coletiva.

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