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Chuva não para, mas São João chega com jeitinho e alegre entre nordestinos

O céu anda cinza, a terra molhada, e os telhados nordestinos vivem sob o compasso do tambor das gotas que não cessam. Mas que ninguém se engane: a chuva, por aqui, é recebida como bênção — até quando insiste em cair bem nos dias de festa. Porque no Nordeste, minha gente, até o São João sabe dançar de guarda-chuva aberto e sapato sujo de barro.

As ruas de barro viram passarela, os becos se enchem de vida, e as bandeirinhas coloridas, mesmo ensopadas, seguem tremulando como quem diz: “Aqui tem festa, sim senhor!”. O povo nordestino tem um talento único de driblar o tempo, o clima e qualquer obstáculo com um jeitinho arretado e sorriso no rosto.

Debaixo de lona esticada e toldo improvisado, as quadrilhas se ajeitam. O sanfoneiro seca o fole, dá um gole no café quente e recomeça o xote. As fogueiras ainda acendem, mesmo que seja preciso proteger os gravetos com plástico e esperança. E as comidas? Ah, essas não faltam! Canjica, pamonha, milho assado… tudo fumegando na panela, enquanto o cheiro se mistura ao da terra molhada, criando um perfume que só o Nordeste conhece.

A criançada pula nos poços como quem pula fogueira, os adultos batem palma e puxam o coro, e os mais velhos se sentam na calçada pra lembrar dos São Joões de outros tempos — porque, com ou sem chuva, a memória nordestina é feita de festa.

É no compasso do “olha a chuva!” (e “já passou!”) que a tradição se renova. A alegria do São João não seca, não esfria, não se esconde. Ela brota do chão, se acende com o povo, e atravessa nuvens carregadas com o mesmo fervor de sempre.

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