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Como senhores da razão, o Tempo e a História condenarão Jair Bolsonaro

Mestre mito dos mares novamente navegáveis e das minorias que, a exemplo do camarão, mantêm a maior parte do sistema digestivo na cabeça, seu mundo caiu. Suprema humilhação para quem se acha deus dos deuses e tenente acima de todos os coronéis, generais, brigadeiros e almirantes. Como vossa insolvência pensou pequeno. Por isso, em breve, muito breve, terá de pensar grande para tentar reduzir as sandices que cometeu como homem público que vem transformando o Brasil em sua privada. Aliás, nos últimos dias vosmecê tem dividido a casinha particular com seu rebento número 3, aquele que sonha em derrubar o ministro Alexandre de Moraes.

Pobre diabo! Antes que eu me esqueça, lembre ao pimpolho covarde, servil e buchudo que, além de inderrubável, Moraes não é daqueles que, diante de qualquer ameaça, foge para os braços mais robustos de um amor impossível. Em outras palavras, menino mimado, nem que a vaca tussa os hinos repassados ao gado pelo pastor Silas Malafaia a Donald Trump tiram Moraes do STF. Não sei se me pronuncio a contento, mas, embora os seguidores do bolsonarismo falido achem o contrário, o líder perdeu os anéis, ficou sem as joias árabes, se desapossou da empáfia de suburbano ascendente e até a bajulação dos lordes evangélicos desapareceu.

Não se apoquente, meu caro profeta dos beócios oprimidos, sobrou a reluzente tornozeleira, primeiro passo para a posse definitiva do quartinho de dois por dois e meio em uma das cinco aconchegantes casas de repouso espalhadas pelo país. Uma delas está a cerca de cinco quilômetros de sua atual residência, ou seja, a seu alcance. Fazendo minhas as palavras do embaixador aposentado Rubens Ricupero, por sua causa e do seu filho querido, o Brasil já está condenado. Aguarde, pois, como dizem os pensadores, o tempo e a história são os senhores da razão. Se seus aliados duvidam, eu não: ambos condenarão Jair Messias. Quanto a Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem a inocência atestada por A mais B, ele será reeleito.

Aceite a dor e, se puder, torça para que Alexandre de Moraes esqueça a birra e vete futuras eventuais tentativas do eleitorado fiel para um Lula 5. Por sua exclusiva culpa, seu mundo caiu. Será que são os 700 mil mortos sem vacina que voltaram para lhe cobrar pela vida? Pode ser! Se for, não adianta pedir socorro a um destemperado que posa de super-herói dos bolsonaristas, mas não passa de um almofadinha metido a troglodita machão. O que quero dizer é que, graças à moralidade de Moraes acima da bandalheira e à tornozeleira abaixo do joelho, seu fim está decretado: a cadeia, onde já estão centenas de seus iguais. Sua vida é uma sucessão de erros. O primeiro e mais lamentável foi seu nascimento.

Coisas do Deus, aquele verdadeiramente acima de tudo e de todos. Mais grave do ponto de vista da humanidade, o segundo, atendendo ordens do mesmo Donald Trump, foi a negação do vírus da Covid-19. O negacionismo da família e dos abestados que até hoje o segue resultou oficialmente na morte de mais 700 mil pessoas. Ainda mais letal do que negar a pandemia tem sido o tarifaço imposto ao Brasil por Trump, a pedido direto de Eduardo Bolsonaro. Tudo isso associado à gravidade da eleição da insolência em questão para a Presidência da República e da reeleição do filho como deputado federal por São Paulo.

Como Deus é Pai e não padrasto, a “suprema humilhação” veio à jato. Com ela, a certeza de que pelo menos parte do eleitorado nacional não esqueceu e não esquecerá jamais que mais da metade das mazelas do país tem as digitais do clã Bolsonaro. Dia após dia, é pior o cheiro dos excrementos que 03 esqueceu por aqui e os recém-produzidos nos EUA. Cheiram tão mal que os antigos 800 mil manifestantes da orla de Copacabana e os 1,2 milhão da Avenida Paulista se resumiram a pouco mais de 400 pessoas na região central de Brasília no último fim de semana. Finalmente, é a redenção do povo brasileiro. Sei que o senhor me entenderá. Seu mundo caiu. Quem sabe a reclusão o ensine a levantar.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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