A poluição dos rios é um dos maiores problemas ambientais do Nordeste brasileiro. Em várias cidades da região, comunidades ribeirinhas, quilombolas e agricultores familiares lutam diariamente contra o despejo de esgoto, lixo e produtos químicos nas águas que sempre foram fonte de sustento e vida.
Nos estados de Piauí, Alagoas, Bahia e Pernambuco, o cenário é preocupante. Rios antes limpos e cheios de peixes hoje estão assoreados, com pouca água e cheios de resíduos. “A gente cresceu tomando banho e pescando nesse rio. Agora, ele fede e ninguém mais entra”, lamenta Dona Maria das Dores, moradora de uma comunidade quilombola no interior do Piauí.
Entre as principais causas da poluição estão o lançamento de esgoto sem tratamento, o desmatamento das margens, o uso de agrotóxicos e o crescimento desordenado das cidades. Esses fatores contaminam a água, reduzem a fauna aquática e dificultam o acesso das famílias à água potável.
O problema também afeta a saúde e a economia local. Em muitas comunidades, as pessoas sofrem com doenças como diarreia e verminoses causadas pela água contaminada. Além disso, pescadores e pequenos agricultores perdem parte da renda, pois os rios já não oferecem o mesmo sustento de antes.
Apesar das dificuldades, cresce a mobilização popular. Movimentos comunitários e organizações ambientais têm promovido mutirões de limpeza, reflorestamento das margens dos rios e campanhas de conscientização sobre o descarte correto do lixo. Em Alagoas, o projeto “Rios Vivos” une jovens e adultos em ações de preservação e educação ambiental. Já na Bahia, comunidades do oeste do estado protestam contra o uso excessivo da água por grandes fazendas e pedem fiscalização do governo.
Segundo o professor José Tavares, da Universidade Federal de Sergipe, a luta dessas comunidades é fundamental para o futuro da região:
“Sem água limpa, não há agricultura, não há pesca e nem saúde. Proteger os rios é garantir o direito à vida para as próximas gerações.”
Mesmo diante das dificuldades, as comunidades seguem firmes em sua luta. Com coragem e união, elas mostram que cuidar dos rios é cuidar de si mesmas — e de todo o Nordeste.
