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Crise era inevitável, mas sem colapso geral

Manaus atingiu o limite de sua capacidade de atendimento e não há mais leitos, nem oxigênio, para tratar tantos pacientes. Mas o colapso do sistema de saúde poderia ter sido evitado se medidas mais contundentes tivessem sido tomadas com antecedência, nos meses de setembro e outubro.

Esse é o ponto de vista defendido pelo epidemiologista Jesem Orellana, da FioCruz Amazônia. O cientista afirma que, durante o mês de setembro, apresentou provas às autoridades de saúde pública de Manaus e do Amazonas que indicavam um novo crescimento das hospitalizações e das mortes por covid-19 em Manaus.

Segundo o especialista, a retomada desses índices já era suficiente para a adoção de medidas mais restritivas na capital amazonense. “Se tivéssemos achatado a curva de contágios drasticamente entre setembro e outubro, muito provavelmente não teríamos esse colapso de agora”, defende.

À época, a proposta de lockdown quase foi adotada na cidade. Porém, uma sucessão de eventos que envolveu não só Orellana, mas também a vigilância pública da cidade, o então prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), o governador Wilson Lima (PSC) e até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) modificou rapidamente a estratégia de combate à pandemia que poderia ter sido estabelecida.

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