No Brasil sonhado pelos bolsonaristas, político é igual fantasma. Só os doidos e aloprados acreditam neles. Pior são os que se aglomeram no mundano Centrão, conglomerado partidário igual a lixo, pois todos os dias os coletores retiram as porcarias que seus membros produzem. Entre eles, o mais honesto rouba pirulito de menino. Aliás, encontrar um deputado ou senador honesto no seio do Centrão é tão improvável como procurar – e achar – nos cabarés de qualquer cidade do mundo uma prostituta virgem. Tanto um quanto a outra não passam de lendas.
É um clichê, mas não há como falar de política e de políticos sem imaginar uma pocilga. Como dizem os mais velhos, quem se mistura com porcos, farelo come. É o que está ocorrendo com o chamado Centrão, salada de partidos covardes que, sem personalidade própria, precisam se unir em bandos estúpidos para alcançar seus objetivos escusos. Como da estupidez nada se espera de útil, a inutilidade do Centrão como bloco político em benefício do povo é cada vez mais óbvia.
Mais do que inúteis como homens públicos, os líderes e liderados do blocão lembram a administração de um prostíbulo de periferia, no qual a dona do pedaço e o rufião se acham empresários do prazer e nunca exploradores do negócio dos outros. Não há diferença com os parlamentares que pregam o conservadorismo como meio de enriquecimento. Sonegadores da verdade, esses tipos, a pretexto de fazer oposição ao governo Lula, vivem de explorar o suor e a ingenuidade dos eleitores menos esclarecidos.
A oposição é do jogo político. Não da forma que o Centrão doentiamente se opõe à Luiz Inácio. Esta semana, o Congresso Nacional derrubou parte dos vetos do presidente da República ao projeto de licenciamento ambiental. Nervosos, derrotados e sem perspectivas de futuro, os deputados e senadores do grupelho são tão despreparados para a política que certamente não perceberam que não foi o governo que eles derrotaram. A derrota é do país e da sociedade que eles dizem representar.
Fragilizar e flexibilizar o processo de licenças para empreendimentos significa liberar geral. Ou seja, de modo deliberado, suas excelências fecharam os olhos para os riscos de tragédias similares às de Mariana e de Brumadinho, ambas em Minas Gerais. Seja o de Lula, de Manoel ou de João, o governo é passageiro. Em tempos de grave crise climática, permanente será o resultado decorrente da devastação ambiental que a derrubada dos vetos permitirá. Coisa de facção oficial para facções oficiosas.
Portanto, não é exagero reafirmar a semelhança entre prostituição e política. Embora continuem sendo os únicos empregos que não exigem experiência anterior, a diferença é que uma é oculta e a outra obscura. As meninas de vida fácil (?) vendem o corpo, enquanto os políticos, com raras exceções, negociam a alma e a dignidade. Esse é o modus operandi dos partidos que compõem o Centrão. Costumeiramente, seus representantes fazem por dinheiro o que deveria ser obrigação. Por essas e outras razões pessoais defendo a atualíssima tese de que político é como a cerveja: só é bom gelado e em cima da mesa.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
