Após quatro anos de perrengues variados, com destaque para o negacionismo da Covid, os deuses da política se cansaram do Mágico de Oz e, convergente e incansavelmente, já trabalham para passar o Brasil a limpo. No mínimo para virar o jogo. A limpeza ou a virada de mesa passam, necessariamente, pelo entulho político, econômico e social deixado pela família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em meio ao caos sonhado pelo senhor sem anéis Eduardo Bolsonaro, ou limpamos a pátria ou ela vai sucumbir no mar do besteirol e na mesmice dos sonhadores da tirania.
Vestidos de toga ou do convencional paletó e gravata, de verve superior a todos os seguidores de Oz e com as canetas da ação, os tais deuses não pretendem deixar pedra sobre pedra. Responsáveis diretos pela faxina interna, eles caminham a passos largos para minar o fôlego do insipiente e capenga bolsonarismo. A primeira reviravolta já ocorreu. Anunciado pelos vassalos do ex-mito como o grande interlocutor brasileiro junto ao presidente Donald Trump, Eduardo Bolsonaro foi chamado na chincha por familiares e furiosos aliados.
A ordem é para 03 calar a boca e se recolher à sua insignificância como negociador internacional e como anjo salvador da pátria. De posse de sua peculiar cara de Pitbull com fome, Dudu do Hambúrguer vem fazendo ouvidos moucos para os alertas de Valdemar Costa Neto, Silas Malafaia e de 01, o senador Flávio Bolsonaro. Tido e havido como o maior traíra que o Brasil já teve, até agora angariou poucos votos capazes de impedir a promissora carreira de futuro presidiário do pai.
Longe de alcançar a sonhada canonização na Câmara dos Deputados, por enquanto o máximo que 03 conseguiu foi aumentar o cacife político de Luiz Inácio Lula da Silva para 2026 e atiçar a ira do ministro Alexandre de Moraes, hoje o único vivente em condição evitar que o Mágico de Oz veja o sol quadrado a partir do aprazível pátio da Papuda. Em outras palavras, enquanto Eduardo Bolsonaro trai a pátria e trabalha contra o pai, Lula lá segue firme para a quarta encarnação.
O Brasil ainda não é um corpo totalmente doente, mas, no contexto de passá-lo a limpo, a intenção é curar com urgência a crônica doença chamada bolsonarismo, de modo a garantir o bem-estar de toda a sociedade. Por isso, ungidos pelas mãos do Deus acima de tudo e de todos, os deuses da política começam a pensar na contratação do trompetista Fabiano Leitão, músico que ganhou notoriedade ao tocar a marcha fúnebre nos locais visitados por Bolsonaro antes das algemas no tornozelo.
Incômoda, sinistra, medonha e insuportável, a nova trilha sonora antibolsonarismo é o contraponto da colonização mental que Eduardo Bolsonaro e seu pai, o Mágico de Oz, tentam passar para seus ingênuos seguidores, os quais continuam achando que os Estados Unidos são modelo mundial. É bom que saibam que os EUA não são mais exemplos nem de democracia. Sobre o Mágico de Oz, quem viu o filme deve lembrar que, embora meio subversiva, a mensagem final é que os menos inteligentes vão seguir qualquer figura que cause impacto, por mais indigna que ela seja. Como sou somente um filho de Deus, nada me impede de ver o Mágico de Oz somente como o pai do Gargamel.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
