Com o fim da era Jair Bolsonaro e a confirmação da candidatura de Luiz Inácio à quarta encarnação, o sarrafo presidencial foi posto muito acima do alcance da maioria dos postulantes de extrema-direita. Talvez sobre um ou outro entre os da direita menos servil e menos bajuladora. Quanto ao clã da bestialidade, nem nascendo de novo. Ou seja, se quiserem se manter na ribalta política, o ideal é que tentem candidaturas que não requeiram tanta inteligência, que busquem o Congresso Nacional, local que hoje aceita qualquer um, e que sempre se candidatem pelo Estado de Santa Catarina.
Desconheço as razões e certamente há exceções, mas está claro que o povo de lá engole qualquer tipo de marmelada como se fosse doce de goiaba em caldas. Seria a síndrome da desinteligência? Certamente! É a tal história que alguns repudiam, mas não há como negá-la. Governantes de um país ou de um estado que não dão exemplo de cidadania acabam gerando uma população medíocre. Infelizmente, a mediocridade política no Brasil é mais do que objeto de adoração, é objeto de culto.
Basta que recuemos um ou dois anos no tempo e chegaremos ao lapso mais negro da idolatria fundamentalista e da absoluta desinteligência. Pior é o reflexo dessa fase nebulosa e nitidamente antidemocrática. Antes da oportunista e venal idolatria a Jair Bolsonaro, a política real do Brasil dispunha de várias legendas que giravam em torno de dois ou três partidos supostamente administrados pela elite, mas capazes de produzir parlamentares e mandatários verdadeiramente comprometidos com a nação e com seu povo.
Próximos do terceiro ano pós-mito de coisa alguma, os brasileiros enfrentam uma situação política atípica. Depois do suposto comando, a elite assumiu de fato o controle da meia dúzia de partidos que amam odiar os que trabalham – ou fingem trabalhar – pelo crescimento do Brasil. Criada para proteger o trabalhador, a outra legenda não é administrada pela massa. Entretanto, vez por outra o povo é ouvido e lembrado como protagonista, independentemente de o período ser eleitoral. Mais importante é que seus dirigentes pensam diferente daqueles que seduzem pessoas inteligentes a pensar que não podem perder.
Velho de guerra e antigo nas andanças por Brasília, já não me assusto com a mediocridade da política. Todavia, permaneço morrendo de medo dos políticos, principalmente daqueles que, sabidamente medíocres, se acham superiores. Além de boa parte dos politiqueiros catarinenses, como avaliar Michelle Bolsonaro como política? Acostumada aos gritos caseiros do cônjuge, ela tem circulado por estados bolsonaristas, nos quais reúne dondocas desavisadas para afirmar que o Congresso Nacional está “de joelhos para o STF”. Que bom que a ex-primeira-dama mantém seus neurônios funcionando.
Ótimo para o Brasil. Pior seria o STF estar de joelhos para Jair e Eduardo Bolsonaro. Michelle é uma das que lutam para derrubar o sarrafo político do Distrito Federal. Nada difícil para uma coletividade que aparentemente não se incomoda em eleger políticos de ocasião. Quem ainda se lembra de Damares Alves, a brilhante e preocupadíssima senadora pelo DF? O que ela já fez pela população local? Izalci Lucas e Leila do Vôlei dispensam comentários. São os nossos anti-heróis na Casa dos Horrores. Daqui a pouco chegaremos a 2026. Quem sabe aumentando ainda mais o sarrafo conseguimos mudar o Brasil para melhor. É uma aposta. Sou daqueles que acreditam que dias ruins são necessários para os dias bons valerem a pena. Alcancemos logo 2026!
