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Encastelada em gabinetes climatizados, bandidagem quer dominar Três Poderes

Nessa época de festas, quando os anjos dizem amém, é justamente o período em que os diabos deixam o purgatório para infernizar a vida daqueles que só querem viver em paz, com alegria, sem sobressaltos, livres dos golpistas e longe, bem longe, daqueles que desprezam as leis que eles mesmos aprovam. O que esperar de um país no qual ex-presidentes são presos, deputados e senadores prevaricam e se associam a grupos criminosos e até juízes e desembargadores se envolvem com o crime?

Que os brasileiros aprendam a escolher melhor seus representantes ou então que nos calemos para sempre. Fora disso não há salvação. Apesar de extenso, extremamente rico, cheio de gente bonita e de natureza elogiada por gregos, troianos e norte-americanos, o Brasil de 2025 está dominado pelo crime. Na verdade, esse domínio é antigo, mas somente agora ele veio à tona. Infelizmente, ao vivo e em cores.

Como disse um importante analista político, o mais interessante é que agora o crime organizado não se utiliza mais de fuzis, escopetas e granadas. Encastelados em gabinetes climatizados, seus integrantes atualmente dispõem de canetas importadas, ternos de grife, carros oficiais e, em alguns casos excepcionais, de casas suntuosas chamadas de residência oficial. Tudo custeado com dinheiro público, isto é, do trabalhador.

Denominadas excelências ou meritíssimos, eles circulam pelos morros ou favelas somente em dias festivos ou nas estações eleitorais para negociar valores de votos. Às vezes, acompanham a movimentação policial na planície para antecipar ações a eventuais financiadores de campanhas ou potenciais compradores de sentenças judiciais. Depois da diversificação dos negócios e de tomar conta de boa parte dos estados da Federação, os negociadores do crime chegaram a Brasília, onde acertam de tudo um pouco, inclusive redução de penas para golpistas.

Não por acaso berço político da família que age como se fosse dona do pedaço, o Rio de Janeiro é atualmente um dos maiores exportadores da criminalidade associada à política. Só para ilustrar, os seis antecessores do governador Cláudio Castro foram presos por corrupção. Santo do pau oco, o próprio Castro responde no TSE a um processo por abuso de poder. O tribunal já tem um voto pela cassação do sucessor de Wilson Witzel. Faltam apenas quatro para que a Corte Eleitoral forme maioria.

Recentemente, Castro ordenou uma chacina que resultou em 121 cadáveres no Complexo da Penha, subúrbio do Rio. Semana passada, a Polícia Federal “recolheu” o presidente da Assembleia Legislativa local. Esta semana, foi a vez de um desembargador. Ambos estão envolvidos até a medula com o Comando Vermelho, facção protegida diariamente pelos maus policiais cariocas. Infelizmente, eles são muitos. Como se vê, é o crime organizado homiziado nos Três Poderes do Estado. Como em Brasília não é diferente, o risco de o país ser asfixiado é iminente. Salve-se quem puder.

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Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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