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Entre cordel e forró, as vozes que ecoam a alma do Nordeste

O som da sanfona se mistura ao ritmo dos versos rimados, embalando histórias de um povo que transforma sua luta em poesia e música. No coração do Nordeste brasileiro, o cordel e o forró não são apenas manifestações culturais — são a alma de uma região que canta, conta e encanta.

Os folhetos de cordel, pendurados em barbantes, fazem parte da paisagem de feiras e mercados nordestinos. Escritos em linguagem simples e cadenciada, eles narram causos, lendas, amores e críticas sociais. Mestres como Patativa do Assaré e Leandro Gomes de Barros eternizaram essa tradição, que segue viva com novos poetas que adaptam temas atuais ao formato clássico.

“O cordel é o jornal do povo. É onde a gente vê as notícias, as histórias e as lições de vida”, conta Dona Maria do Cordel, poetisa de Juazeiro do Norte, que há 40 anos mantém a tradição de escrever à mão seus folhetos.

Se o cordel é a palavra falada, o forró é o corpo em movimento. Com origens ligadas à cultura sertaneja, o forró ganhou o Brasil através de nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Elba Ramalho. Mais do que festa, o forró é resistência, união e celebração da identidade nordestina.

“É no arrasta-pé que a gente esquece as dores e celebra a vida”, diz Seu João, sanfoneiro de Caruaru, famoso por animar as noites de São João com seu trio pé-de-serra.

Hoje, uma nova geração de artistas mistura cordel e forró com ritmos urbanos, criando pontes entre tradição e modernidade. Bandas como Falamansa e artistas como Duda Beat e Cordel do Fogo Encantado mantêm viva a essência do Nordeste, dialogando com públicos de todas as idades.

Essa renovação não apaga as raízes. Pelo contrário, reforça o orgulho de um povo que canta sua história com a força de suas próprias vozes.

Entre cordel e forró, o Nordeste segue ecoando sua alma. São vozes que não se calam, que atravessam gerações, transformando dificuldades em arte e mantendo viva a chama de uma cultura rica, vibrante e essencialmente brasileira.

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