Normalmente um período destinado à esbórnia séria e familiar ou à conjuminação do prazer físico com o etílico, o fim de semana deverá ser normal para a maioria dos brasileiros, inclusive para os vascaínos que há tempos não sabem o que é vencer. Aliás, vencer é o verbo que faz pelo menos três anos deixou de ser conjugado na primeira pessoa pela minoria escondida sob o manto encardido, mas solenemente denominado de “patriota”. Líder do grupelho, o ex-presidente Jair Bolsonaro terá um fim de semana de muitos sobressaltos e de sonhos continuados com Xandão.
Uma sirene mal tocada pode significar uma nova canetada do ministro. Como sua casa fica no caminho da temida penitenciária da Capital da República, talvez ele nem consiga dormir. Lamento, mas, de olhos bem abertos, fecho com todos os brasileiros que entenderam a decisão do ministro Alexandre de Moraes como apropriada e necessária. Não há exagero algum em premiar com uma tornozeleira eletrônica um cidadão de pouco ou nenhuma utilidade para o país. Como cidadã honesta, correta e politicamente sensata, me cansei de ser alvo das grosserias misóginas do moço em questão.
Não apenas por isso, mas por tudo de ruim que o amalucado mito representa, a pergunta que ainda faço diante de todas as evidências contra ele deve ser de fácil resposta: O que falta para Bolsonaro ser preso? Mesmo leiga, acho que nada. Como ele se acha perseguido, que a perseguição seja consumada com a rapidez desejada pelas dezenas de milhões de brasileiros que apoiam Alexandre de Moraes. E que, respeitosamente, Donald Trump, seus bajuladores e o deputado fujão Eduardo Bolsonaro tirem as calças pela cabeça.
Embora eles não mereçam, falo em respeito porque não há nada pior do que ser obrigada a ver o que não presta. Em nome dos amigos que sucumbiram a um vírus letal que ele minimizou, ironizou e escanteou, torço fervorosamente para que Jair Bolsonaro tenha a cadeia como sua morada final. E que de lá ele, quem sabe, consiga se lembrar da forma cruel como tratou os mais de 700 mil brasileiros que morreram em decorrência da Covid-19.
Sei que não posso pedir demais, mas tomara que o ex-presidente também reflita a respeito da barbárie que planejou e ordenou a execução. Vandalizar bens caríssimos para a democracia e para a população ordeira nos custaram milhões de reais. Pense nisso, senhor mito das maldades. Pense e talvez conclua que teria sido muito mais fácil passar a faixa presidencial para Lula da Silva e esperar as eleições de 2026. Muitas coisas boas e ruins acontecem em quatro anos. Sua sede pelo poder não lhe permitiu aguardar dias melhores. Como afobado come cru, tudo que lhe aconteceu foi ruim.
Não sou vidente, mas acredito que tudo ainda pode piorar. Não lhe desejo mal, mas, entendendo que o céu e o inferno é aqui onde estamos, espero que o senhor reflita sobre os males que causou à população e, lembrando que a mentira tem pernas curtas, que pelo menos tenha a dignidade de reconhecer que sua jornada política chegou ao fim. Não se trata de praga de mãe, mas, ainda que saiba que Xandão não lhe dará uma nova oportunidade, sugiro que não esqueça de levar a chave de casa. Se possível, leve também um casaco, pois sua nova morada é fria, úmida e normalmente muito escura. Quanto a Trump e a corriola que o idolatra, engulam o choro e se escondam, porque, mesmo sem visto, Xandão não vai amarelar.
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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras