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Fosse hoje, PL inspiraria ‘Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão…’

E a maldição continua. E agora no modo dominó. Como diria o general Augusto Heleno, hoje apenas o presidiário que adquiriu um tal Alzheimer na Black Friday da Shopee, eu bem que avisei. E avisou mesmo. Foi em 2018, no evento de lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro, quando o então pretenso ministro cantou, durante seu discurso, uma adaptação ao clássico do sambista carioca Bezerra da Silva: “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”. Na época, nem mesmo o mais otimista dos bruxos apostou um dólar furado no general.

Augusto Heleno só não sabia que, passados sete anos, ele seria o segundo a perfilar no pátio quadrado de uma penitenciária qualquer. Desde então, o Brasil inteiro sabia que Jair “já ia” assumir o primeiro posto. E de lá não sairá nem que a vaca tussa, o pinto soluce e o cavalo mie. Ou seja, esqueçam anistia, dosimetria, pandemia, epidemia, sodomia e alquimia. Conforme a astronomia, ciência que, juridicamente, contribui com a alquimia da Corte Suprema, acabou a mordomia e a boemia.

Agora, com ou sem arritmia, a monotonia prisional do ex-mito terá de ser compensada com a tricotomia. Perdão pela digressão, pois o tema desta narrativa nada tem a ver com a anemia dos presidiários aliados, mas sim com a economia pessoal dos seguidores do Bozo, tudo à custa do suor do povo. Me dá arrepios só de lembrar que o deputado Arthur Lira, o senador Ciro Nogueira, o pastor Silas Malafaia e o pagador de promessas Valdemar Costa Neto, ex-czares do governo do Jair, fizeram escola.

Hoje, até o estagiário de pregador evangélico Sostenes Cavalvante diariamente ora pelo vil metal guardado sob seu colchão doado pelo velho da Havan. Logo ele que, além de liderar o Partido da Lambança (PL), jura publicamente ser um homem de Deus. Craque em ameaçar quem o incomoda, o também deputado federal Carlos Jordy dançou na Operação Galho Fraco e, se puder, terá de explicar à Polícia Federal as razões pelas quais subiu no pau errado para colher o politicamente correto jabá.

Voltando à cantoria do general (?) Heleno, de cota em cota parlamentar desviada, tudo indica que, para 2026, sobrarão poucos dos partidos do entorno de Jair Messias, notadamente do PL de Valdemar e de Sóstenes e do PP de Lira e de Nogueira. A relação de deputados e senadores dessas duas legendas investigados pela PF consegue ser de duas a três vezes maior do que a soma de pelos “pluvianos” das partes pudendas do ator Tony Ramos. De Sérgio Moro aos cassados Eduardo Bolsonaro, Alexandre Ramagem e Carla Zambelli todos têm a mesma fisionomia bolsonarista.

O mais interessante dessa guinada de caráter à direita é a mudança de ânimo de Hugo Motta. Depois de meses defendendo com unhas, dentes e perfume Lancaster a bandidagem da Casa, o moço da Paraíba decidiu defender a atuação do STF e as investigações contra parlamentares “com condutas irregulares”. Preocupado com a possibilidade de não se reeleger, Motta espertamente arquivou a dicotomia e optou pela exogamia, isto, o acasalamento fora do grupo original. Em outras palavras, pior do que cantar Lula lá para os paraibanos só se imaginar na próxima lista da maldição. Aí, meu irmão, é caixão, vela preta e o fim da vida pública. Como devem estar cantando Sóstenes e Jordy, tchau Centrão. Mamma mia!

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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