O papa Francisco defendeu nesta segunda-feira, dia 13, que a fome não é inevitável, mas um problema que a humanidade conseguiria resolver se houvesse um empenho coletivo. Ainda segundo o Pontífice, a comida se transformou em um privilégio para uma minoria, quando deveria ser um direito de todos.
“É necessário ‘desnaturalizar’ a miséria, deixando de considerá-la um dado entre muitos outros da realidade. Por quê? Porque a miséria tem um rosto. Tem o rosto de uma criança, tem o rosto de uma família, tem o rosto de jovens e idosos”, apontou Francisco.
Declaração foi feita durante uma visita de quase duas horas à sede do Programa Mundial Alimentar (PMA), em Roma, quando manteve um encontro privado com a diretora da agência ligada às Nações Unidas (ONU), Ertharin Cousin.
“Fique claro que a falta de comida não é uma coisa natural, não é um dado óbvio nem evidente. O fato de hoje, em pleno século XXI, muitas pessoas sofrerem deste flagelo deve-se a uma egoísta e má distribuição dos recursos, a uma ‘mercantilização’ dos alimentos”, acrescentou.
Francisco ainda denunciou os problemas para a ajuda humanitária chegar às zonas de conflito devido a “complexas e incompreensíveis decisões políticas” enquanto a movimentação de armas não tem as mesmas complicações.
“Encontramo-nos assim perante um fenômeno estranho e paradoxal: enquanto as ajudas e os planos de desenvolvimento se veem obstaculizados por intrincadas e incompreensíveis decisões políticas, por tendenciosas visões ideológicas ou por insuperáveis barreiras alfandegárias, as armas não. Não importa a sua origem, circulam com uma liberdade soberba e quase absoluta em muitas partes do mundo. E assim nutrem-se as guerras, não as pessoas. Em alguns casos, usa-se a própria fome como arma de guerra”.
A visita do líder da Igreja Católica ao organismo em 2016 marca o ano de início dos trabalhos para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O PMA também tem como meta alcançar o Objetivo Global 2, que trata da eliminação da fome até 2030.