A Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos (SAMPECE) da Semarh antecipou que o estado do Piauí deverá observar um aumento gradativo na frequência de chuvas a partir de novembro. Embora o volume ainda não atinja patamares suficientes para encerrar o período prolongado de estiagem, o avanço das instabilidades meteorológicas deve marcar o início da transição para a estação mais úmida.
Segundo os climatologistas do órgão, o Piauí permanece em uma fase de estiagem, caracterizada por baixa precipitação e solos bastante secos. Conforme relatório divulgado, em outubro o acumulado de chuva — especialmente na região sul do estado — provavelmente não ultrapassará 130 milímetros nas áreas mais úmidas.
Para novembro, a previsão aponta para volumes até 160 milímetros, sobretudo em regiões sul e centro-norte — uma melhora em relação ao mês anterior, ainda que insuficiente para considerar o fim da seca.  Já para dezembro e janeiro, as expectativas são de valores ainda maiores, com tendência a chuvas mais distribuídas.
A mudança decorre do avanço gradual de sistemas de instabilidade atmosférica que normalmente marcam o fim do período seco. A Semarh destacou que o processo será gradual, com “pancadas isoladas” primeiro, ganhando força e abrangência conforme o trimestre avança.
Com o solo já mais aquecido e com menores umidades relativas, as primeiras chuvas podem gerar impactos positivos — como resfriamento, umidade no ar e estímulo à vegetação — mas também demandam atenção para acúmulos pontuais e eventuais transtornos.
Benefícios:
•Alívio da intensidade térmica, especialmente em áreas urbanas vulneráveis.
•Recuperação gradual da umidade do solo, o que facilita a retomada de atividades agrícolas e a regeneração de vegetação.
•Diminuição do risco de incêndios florestais e queimadas, típicos de períodos prolongados de seca.
Riscos e desafios:
•As chuvas iniciais ainda podem não atingir todos os municípios de maneira uniforme; regiões mais severamente afetadas pela seca poderão demorar mais para sentir a recuperação real.
•Em áreas de solo muito seco ou com coberturas vegetais escassas, as primeiras precipitações podem causar enxurradas ou erosão local — exigindo atenção da Defesa Civil e das prefeituras.
•A infraestrutura urbana (drenagem, canais, bueiros) ainda pode estar vulnerável, portanto, acumulados elevados pontualmente requerem alertas.
O climatologista da Semarh, Pedro Aderaldo, explicou que “até novembro veremos chuvas com moderação; as condições para um quadro plenamente chuvoso começam a se consolidar apenas em dezembro e janeiro”.
Ele chama atenção para o fato de que “cada milímetro será precioso” no contexto atual — ou seja, que ainda que os volumes sejam modestos, eles ajudam a iniciar a reversão de uma sequência de meses secos.
O que fazer agora?
•Moradores de áreas vulneráveis devem estar atentos: limpeza de valetas, revisão de telhados, retirada de entulhos que impedem o escoamento.
•Produtores rurais podem começar a planejar a retomada gradual das atividades agrícolas de final de ano, considerando que as chuvas mais consistentes chegam depois.
•Prefeituras e órgãos de infraestrutura devem revisar os sistemas de drenagem, atualizar os alertas de enchentes e fortalecer o monitoramento local.
•População em geral deve dar atenção às previsões locais, pois as chuvas podem ocorrer de forma irregular — há bairros ou municípios que poderão receber mais cedo ou mais intensamente que outros.
O anúncio da Semarh indica que o Piauí inicia um novo ciclo climático: a chama de esperança de chuvas mais regulares acende a partir de novembro, ainda que a plena estação úmida só se firme nos meses seguintes. Para muitos piauienses, isto representa oportunidade de retomada — seja para a agricultura, seja para a restauração ambiental, seja para o alívio da seca urbana.
No entanto, trata-se de um processo gradual: a recuperação não é automática, e exige planejamento, preparo e adaptação de todos os segmentos da sociedade. O importante agora será acompanhar de perto os boletins meteorológicos, respeitar os alertas de defesa civil e trabalhar para que esse aumento de chuvas seja aproveitado com segurança.
