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Gibran e Bi@ voltam de viagem e Gutta fala em ir a Pernambuco

A BR-101, com seus quilômetros de promessas e retornos, já não assustava mais o sedã de Gibran. O carro parecia saber o caminho sozinho, como se cada curva guardasse em si a lembrança de uma vida inteira. Bi@, ao lado, recostada, ora lia, ora inventava histórias para as árvores que corriam ao lado da estrada.

— Vamos parar em Goiás?, perguntou ela, mais para provocar do que para sugerir.

Gibran riu sem tirar os olhos da rodovia:

— Não. Goiás é terra de memórias antigas demais. Agora é só o futuro que nos chama.

E assim seguiram. Dias de pousadas discretas, colchões que guardaram segredos, janelas abertas para manhãs frias no Sul e tardes mornas no Sudeste. Nas noites, o chat ainda se iluminava com as confissões deles:

FlorDeEstio:

– Vocês estão me dando vontade de jogar tudo pro alto e pegar a estrada.

PianistaCega:

– Cada pousada vira poesia quando vocês contam.

DonCortejo:

– Deixem ao menos um rastro de vinho para eu seguir.

Gutta:

– Fui anfitriã em Floripa. Me aguardem que logo chego ao paraíso de que Gibran tanto se orgulha. E vou com meu pet a tiracolo.

Bi@ respondia com frases curtas, quase sussurros digitados. Gibran, com metáforas de estrada e mar. E assim mantinham viva a chama entre o virtual e o real.

Até que, numa tarde dourada, os pneus tocaram novamente o chão quente do litoral de Pernambuco. Não era mais a partida — era o retorno. Estacionaram no condomínio onde mora Gibran, à beira-mar, onde o vento carrega sal e promessas.

Foram à praia, sentaram-se lado a lado em duas espreguiçadeiras, o sol mergulhando no horizonte. Silêncio entre eles, mas um silêncio cúmplice, cheio de palavras já ditas e carícias já gastas. O pôr do sol os tingia de cobre e nostalgia.

— Hora de ir, disse Gibran, estendendo a mão.

Levantaram-se devagar e caminharam até a casa dele, onde a noite seria longa. Na cozinha, não havia pressa de sobremesas. Era no quarto que o banquete os esperava.

Bi@ sorriu, felina, deixando os sapatos no corredor:

— Hoje eu sou a cereja do bolo.

E, rindo, completou, antes de apagar a luz:

— Não foi à toa que esguichei essências aromáticas sobre os lençóis e os travesseiros antes de sairmos.

Naquela noite, não houve mais estradas. Apenas a certeza de que, depois de tantas curvas, o destino sempre fora o reencontro deles.

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José Seabra é diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras

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