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Governo gasta mais do que tem. E muito mal

Foto/Arquivo Notibras

O diagnóstico do Banco Mundial para as contas públicas brasileiras reforça, na visão de economistas, um problema que já está escancarado: o País gasta além do que poderia e de forma ineficiente. Embora concordem com o resultado geral do estudo, divergem sobre as medidas apontadas como solução.

“O trabalho sistematiza toda a literatura que mostra que o Brasil é um País emergente que gasta muito e gasta mal”, diz Marcos Lisboa, presidente do Insper. “Para a qualidade do que é oferecido, gastamos em demasia. Deveríamos ter serviços muito melhores”, afirma. O Insper vai debater o documento com os representantes do Banco Mundial.

O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Carlos Mendonça de Barros, diz que esse tipo de estudo é importante por apontar onde estão os graves problemas e ser uma fonte de consulta. Mas o economista frisa que isso não pode ser considerado uma agenda para o governo.

“Esses órgãos, como o Banco Mundial, têm técnicos muito competentes que fazem uma análise olhando as contas. Só que eles não têm a menor responsabilidade com a possibilidade política de se fazer tudo isso”, afirma. “O grande problema quando se está no governo é ter de lidar com a realidade política e social.” Ele questiona, por exemplo, o aspecto jurídico de se mexer no salário do servidor público que tem direito adquirido.

Para a economista Ana Carla Abrão, sócia da Consultoria Oliver Wyman, o relatório fala “todas as verdades” que a população e o Congresso precisam ouvir. “Os números estão lá. Vamos continuar fechando os olhos para uma política de avestruz ou vamos enfrentar o problema?”, disse. Segundo ela, o que chamou atenção no relatório é o desperdício de recursos em Educação. “Quando se vê o número de forma tão objetiva é indefensável”, afirma a ex-secretária de Fazenda de Goiás.

Já o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro diz que as medidas sugeridas pelo Banco Mundial não são viáveis. “Esse pessoal aproveita a desgraça que foi o governo anterior para atender aos países ricos”, afirma. Para ele, proposições como a cobrança de mensalidade de universidades públicas, mesmo com subsídio para alunos carentes, não é um bom caminho para melhorar as contas das instituições. “Há um problema de receita, mas não é assim que se resolve.”

Pontos de vista – “É uma análise feita olhando as contas. O grande problema quando se está no governo é ter de lidar com a realidade política e social”, afirma Luiz Carlos M. de Barros, ex-presidente do BNDES.

“O trabalho mostra que o Brasil é um País emergente que gasta muito e gasta mal. (…) Com frequência acaba beneficiando os mais ricos”, diz Marcos Lisboa, presidente do Insper.

“Não é viável nem cogitar essas medidas. Aproveitam a desgraça que foi o governo anterior para atender aos países ricos”, diz José Luis Oreiro, economista da UnB.

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