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Guarani-caiová são alvo de ataques na guerra pela terra em Mato Grosso do Sul

André Borges

Indígenas da etnia guarani-caiová voltaram a ser alvo de ataques de pistoleiros em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Um homem de 32 anos e dois jovens de 15 e 17 anos foram baleados na noite de segunda-feira, 11. Os crimes ocorrem em meio a um processo de demarcação e reconhecimento de terra de povos tradicionais da região.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), homens armados em quatro caminhonetes e um trator atacaram os indígenas que estavam acampados no “tekoha guapoy”, terra indígena localizada na região de Dourados.

O ataque dos pistoleiros ocorreu no mesmo município onde foi assassinado o agente de saúde Clodiodi de Souza, há menos de um mês. Os tiros acertaram um adulto de 32 anos e dois jovens, um de 15 e outro de 17 anos. Um deles está em estado grave e até o início da tarde desta terça-feira, 12, não tinha sido encaminhado para o hospital, permanecendo em um posto de atendimento da própria aldeia.

O jovem de 17 anos foi atingido no braço e tronco. Uma bala está alojada no tórax e, de acordo com o Cimi, a vítima corre risco de complicações. O ataque ocorre menos de um mês depois de a Força Nacional de Segurança reforçar sua presença na região, por ordem do Ministério da Justiça.

A decisão foi tomada após o ataque de 14 de junho. Naquele dia, além do assassinado de Clodiodi de Souza, outros seis indígenas foram baleados. Uma criança guarani-caiová, Josiel Benites, de 12 anos, também foi baleada na barriga e levada gravemente ferido para o hospital. Todos sobreviveram.

Os indígenas de Caarapó enfrentam uma ordem de reintegração de posse e uma sequência de ataques a mando de madeireiros e grileiros de terras. No dia 19 de junho, indígenas relataram que foram novamente atacados a tiros por homens em caminhonetes, mas ninguém ficou ferido.

“Esse novo ataque só reafirma o total descaso do poder público com os povos indígenas, uma vez que a Força Nacional supostamente estaria na região para defender os guarani, mas sua presença não evitou a investida criminosa contra a comunidade”, disse Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). “Enquanto perdurar a impunidade, não haverá paz para os guarani ”

Outra ação contra os indígenas ocorreu em região próxima ao centro de Dourados. Depois de serem despejadas na semana passada da comunidade indígena de Apyka’i, famílias que haviam ocupado uma área ao lado da BR-463 tiveram seus pertences queimados.

A indígena Damiana Cavanha, que lidera a comunidade, espera há anos a demarcação da terra, ocupada por plantações de cana. Na região, foram enterradas várias pessoas de sua família.

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