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História boa de politica é contada de outra maneira

Apesar de celeiro de ótimos, bons e péssimos contadores de anedotas, o Brasil ainda é o país das piadas prontas. Graças às chacotas que produzem até durante o sono, nossos políticos são os maiores exemplos da bufonaria nativa. Que o digam aquele juiz e o procurador da Lava Jato que trabalharam para eleger – e elegeram – um humorista raso, provinciano e com lorotas sem graça alguma. Eu mesmo tentei, em vão, criar uma piada sobre o vácuo chamado mito. Parei antes de concluir, pois, mesmo com a testosterona em alta, rapidamente percebi que o gajo é vazio demais. Meu Deus! Terrível. Podia ter tentado algo melhor. O problema é o mote, isto é, o protagonista.

Pior só quando o “cavalo” do Palácio do Planalto ligou para aquele ajudante de ordem baba ovo e, antes que o militar atendesse, disse: Foi só um trote. Também péssima. Pulem essa página. Vamos à página 2. O melhor das historietas do tipo conversa mole são as réplicas e, às vezes, as tréplicas. Como sempre faço, conto o milagre, mas não digo o nome do santo. Perco o amigo, mas replico a gracinha. A de hoje tem a ver com o presidente que os lacaios adoram dizer que amam, amam odiar os que dele se afastaram e ameaçam de morte aqueles que idolatram o mandatário que está governando para todos.

Passada a efêmera fase das manchetes maquiadas de política, ele retomou o espaço que tinha desde o início da vida pública: as páginas policiais. Esta semana, dias após a noite em que o grande Vasco comeu grama e perdeu a classificação para o minúsculo Nova Iguaçu, Luiz Inácio, Emannuel Macron e José Dirceu jantavam em um simplório restaurante da 5ª Avenida do Pará. Um cliente se aproxima deles e pergunta: “Sobre o que estão conversando de forma tão animada?”. É claro que não era a respeito da bestialidade de Vladimir Putin, tampouco da refrega entre Benjamin Netanyahu e o Hamas.

“Estamos fazendo planos para resolver o problema do Brasil de forma rápida e super discreta”, respondeu Lula lá. “Uau!”, exclamou o entusiasmado e certamente rubro-negro cliente. “E quais são esses planos?” “Quando eu retornar ao Planalto Central, vamos matar 58,2 milhões de bolsonaristas, um vascaíno e um flamenguista”, acrescentou o reaparecido Dirceu. Parecendo confuso e diante do olhar de incredulidade de Macron, o intrometido indagou: “Um…vascaíno e um flamenguista? Por que querem matar justamente um vascaíno e um flamenguista num país de 203.8 milhões de pessoas?”

Sorrindo meio amarelo entre os dentes, o presidente que destronou o mito dá uma palmada nas costas de José Dirceu, faz o gesto de papo firme para Emmanuel Macron e sapeca: “Está vendo Dirceu, não lhe disse que ninguém perguntaria pelos 58 milhões de bolsominions?!”. É fato e não piada que só os loucos varridos aplaudem e idolatram os beócios. Como a vida está aí para que gargalhemos quando as mentiras são deslavadas e disseminadas após farta distribuição de dízimos, lembro de uma visita hipotética daquele presidente ensimesmado como mito a uma casa de recuperação de alienados.

Recepcionado por uma comissão de pacientes, o deslumbrado mandatário ouve em alto e bom som: “Viva o presidente! Viva o presidente”. Depois de algumas repetições da ensaiada recepção, um dos assessores presidenciais aborda o único componente silencioso da turma. “E você, por que não está gritando Viva o presidente?” “Porque eu não sou alienado. Sou o médico!”. Pior foi aquele letrista contratado para reescrever a frase de apresentação do governo de Luiz Inácio. Ao avaliar o texto que se referia ao antecessor, resolveu mantê-la abaixo da de Lula, mas com uma espetacular redução de palavras. À porta do gabinete do ex estava escrito: “Me elegi, nada fiz, nada criei, nada obrei. Portanto, deixo a Presidência como entrei”. Apolítico, mas antenado, o letrista resolveu sintetizar: “Devolução sem uso”.

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