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Homem mal some quando aparece o mocinho, dá tiro na testa e vira herói

Tem homens que gostam mais de whisky do que mulher. Também há homens que gostam de whisky, mas não gostam de mulher como fêmea. Há homens que, por conta da burocracia caseira, preferem beber a transar. Outros homens não gostam nem de whisky, muito de fêmeas. Cada um no seu quadrado. Nada contra nenhum deles. Pelo contrário. Esses merecem meu respeito, meu carinho e todo meu apoio. Terríveis e merecedores de todos os castigos possíveis são os homens que amam e depois matam.

Às vezes, matam por amor. Claro que não, pois quem ama não mata. Não tenho poderes para condená-los, mas, mesmo de longe, torço para que os poltrões frouxos sejam, no mínimo, emasculados, isto é, castrados até no toco. Quinto país no ranking mundial de violência contra as mulheres, o Brasil registrou 1.450 feminicídios em 2024. Conforme dados da Rede de Observatórios de Segurança, a cada 17 horas ao menos uma mulher é assassinada pelo marido, companheiro ou parceiro. O recordista de registros é São Paulo.

Somente no ano passado, o Estado contabilizou 1.177 vítimas de violência de gênero e 144 mortes. Com dez casos de feminicídio até o momento, o Distrito Federal dobrou o número de ocorrências, se comparado ao mesmo período de 2024. Para as autoridades brasileiras, o feminicídio pode se revelar na forma de assédio sexual, violência moral, patrimonial e física, transfobia e racismo. Pouco importa o nome que qualquer um dê a esse tipo de assassinato.

Importante é que o considerem como crime hediondo, com agravantes refletidas na misoginia e na violência doméstica. Nada justifica um covarde cruel matar uma mulher pelo simples fato de ela ser mulher. Triste realidade dos homens que não aceitam a força e o empoderamento feminino. Que eles reflitam e que, antes de matar por matar, consigam perceber que as mulheres de hoje não querem dominar o mundo. Nós buscamos apenas a nossa melhor versão.

Nem melhor, nem pior. Pensemos como Michelle Obama, para quem não há limites para o que as mulheres podem ser e conquistar. Há Michelle e Michelles. Há aquelas que pensam e agem diferente. Respeitemos. Definitivo é a certeza de que as mulheres do século 21 não se tornaram fortes somente pelas suas conquistas, mas principalmente por tudo que enfrentaram. Parafraseando a escritora francesa Simone de Beauvoir, “que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”.

Não temos culpa se os covardes e os fracassados como machos têm medo da mulher guerreira, da fêmea como fonte inesgotável de inspiração. Dizem que o homem mata um leão por dia. É possível. Entretanto, a mulher marta, corta, tempera, serve e ainda lava a louça. Com todo respeito aos homens sérios, respeitosos e machos na acepção da palavra. Quanto aos outros, que morram antes de matar. Na literatura popular está escrito que até para ser corno o homem precisa da mulher. Então, jamais esqueçam que a beleza do batimento do coração de uma mulher, como muitos instrumentos, depende de quem o toca.

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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

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