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Ingratidão do Centrão deixa 378 afilhados sem a boquinha do governo

Enquanto o presidente Donald Trump anunciava oficialmente o cessar-fogo em Gaza aos líderes árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrava no Vaticano com o papa Leão XIV. Políticos com trânsito de trás para frente, de frente para trás e, com maestria, navegando nos ricos mares do Centrão, não escondem que a visita ao líder da Igreja Católica foi muito além de um simples pedido de apoio aos céus e de tentar saber quem, definitivamente, matou Odete Roitman.

Dizem as más línguas – as boas não foram ouvidas – que o verdadeiro objetivo da ida de Lula à Capela Sistina foi pedir perdão a Leão XIV pelo atraso na exoneração de centenas de apoiadores dos partidos de direita. A lista de jubilados do governo contém 378 malandros, todos encostados nos ministérios, onde davam ordens, não batiam ponto, recebiam em dia e reclamavam quando a água era sem gás e o cafezinho estava ralo.

Dançaram porque seus padrinhos políticos deixaram de cumprir o sério compromisso acertado com Luiz Inácio logo após as eleições de 2022. Seus afilhados teriam os tão sonhados carguinhos, desde que ajudassem o governo em propostas de interesse do Executivo e, por extensão, do povo brasileiro. Na semana, deliberadamente o Centrão deixou caducar a medida provisória que taxava investimentos e apostas digitais. É claro que ninguém é obrigado a retribuir por nada que recebe, mas ficar contra quem sempre te ajudou é ingratidão demais. Como diz o velho ditado, aos ingratos resta a forca.

Desconheço o quantitativo dos batimentos cardíacos do presidente da República, mas posso imaginar como está queimando a mufa daqueles que não conseguem viver sem uma boquinha pública. Sobre Lula da silva, é bom que ele aprenda de uma vez por todas que decepção é o preço da ingratidão e da expectativa criada em cima de uma grande ilusão. Ou seja, acreditar em promessas feitas pelas lideranças do Centrão é o mesmo que crer que esses líderes são tão onipotentes e onipresentes como o Dono do mundo. Não são. Nunca serão. Eles não podem tudo. Deus só ajuda a quem trabalha.

Ainda que tardiamente, o ideal é que os mandatários aprendam com os que já estiveram em situação semelhante a não sofrer igual a eles. A um ano das eleições presidenciais, é claro que a decisão de defenestrar do governo a turma que só quer se dar bem pode ser uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que vai acirrar a birra da oposição, a tesourada deve gerar saias justas para os líderes patriotas. Afinal, contribuir para deixar 378 senhores e senhoras desempregados talvez signifique a perda de bons votos na tentativa de voltar à Câmara e ao Senado. Como ficarão as máscaras caso Lula seja reeleito? Por enquanto, é rir para não chorar.

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