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Jair e Eduardo, quem diria, se acabaram no Irajá

Foto: Marcelo Camargo/ABr

Depois das ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos ao Brasil, a pedido da família do ex-presidente Jair Bolsonaro, o país, o governo e os brasileiros tiveram nas últimas horas boas notícias em série. A primeira e mais importante diz respeito à coragem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em não arregar diante dos arroubos ditatoriais de Donald Trump. Lula arregaçou as mangas e decidiu não se ajoelhar para o déspota norte-americano. Fez mais e, caso haja necessidade, determinará a aplicação da mesma tarifa de 50% sobre todas as importações dos EUA. Ou seja, é o toma lá, dá cá.

No português escorreito e inacessível para os “patriotas” amasiados a Bolsonaro, Lula não é lacaio de Trump e o Brasil não é mais quintal dos EUA. A segunda boa notícia chegou no fim da noite dessa segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal pelas mãos do procurador-geral da República, Paulo Gonet. No documento de mais de 500 páginas, Gonet pede ao STF a condenação de Bolsonaro como articulador e autor dos atos mais graves da trama golpistas. Caso seja condenado, o líder golpista pode pegar até 46 anos de cadeia.

Sinceramente, não precisa tanto para quem se achava o rei da cocada preta, mas é pouco para quem, como presidente, sacrificou a vida dos outros para salvar a economia e, agora, sacrifica a economia para salvar sua família. Todavia, imprestável como sempre foi, que ele, ao lado dos sete baba ovos que seguiram suas ordens estapafúrdias, cumpra pelo menos o tempo que lhe resta de vida. Ufa! Menos oito golpistas. Também relevantíssima, a terceira boa notícia dá conta de que Eduardo Bolsonaro, o 03, se afunda a cada novo post e caminha celeremente para renunciar ao mandato. Graças a Deus! Menos um traíra.

Que fique à míngua por lá. Se voltar, ele também irá em cana. Duvido que algum brasileiro sério anuncie que sentirá falta de um deputado medíocre que, apesar de bem votado, se esmerou em narrativas mentirosas e trairagens públicas contra o Brasil. A última foi o pedido para zerar o processo contra o pai ou a taxação do país em 50%. Nos EUA, em nome da família e associado a um insano líder da extrema-direita, Eduardo Bolsonaro tentou virar herói do bolsonarismo, mesmo sabendo que estava agindo como bandido. O que posso dizer é mais simples do que a certeza da cadeia para o mito. Aqui se faz, aqui se paga. Jair e Eduardo Bolsonaro, quem diria, se acabaram no Irajá.

O amor extremado pelo carrancudo, rabugento e nojento presidente estadunidense levou pai, filho, a família e demais seguidores fanáticos à segunda derrota para Lula. Decorrência das demais, a quarta maravilhosa e pomposa notícia é que Luiz Inácio está recuperando os índices de aprovação, resultado que, mais uma vez, o coloca na dianteira para a disputa de sua quarta reeleição. Diante dos fatos e do crescimento do inferno astral do pendular governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é grande o “risco” de Lula da Silva vencer em 2026 por WO, abreviação da expressão em inglês “walkover”, que significa vitória fácil ou vitória por ausência de adversário.

São as voltas que o mundo dá. Aqueles que defendiam o “Brasil acima de todos” e imaginavam o Lula 3 no ralo, hoje assistem de camarote à iminente prisão dos sabotadores da pátria e a decolagem do Lula 4 em céu de brigadeiro, mar de marolinhas, Avenida Paulista sem fake news, orla de Copacabana sem temporais fabricados e o Congresso Nacional de Hugo Motta e de Davi Alcolumbre voltado para o Estado Democrático de Direito e não mais, como era desejo da dupla, transformado em estado caótico de narrativas. Resta a Donald Trump aceitar Bolsonaro asilado na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Seria ótimo ele assistir da janelinha mais um desfile presidencial de Lula da Silva.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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