O prefeito do Recife, João Campos, presidente nacional do PSB, o partido que deu seus votos para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff para levar Michel Temer ao poder e depois colocar Jair Bolsonaro na Presidência da República, disse neste domingo (21) que não votou nem orientou sua bancada na Câmara dos Deputados a votar pela aprovação da PEC da Blindagem, mais conhecida como PEC da Bandidagem. Ele não fez referência ao seu irmão, o deputado Pedro Campos, líder do PSB na Câmara, que votou favoravelmente à aprovação da emenda, que favorece aos dois políticos.
Como fez seu irmão no dia anterior, o prefeito João Campos aproveitou o domingo de mobilização nacional contra a PEC da Blindagem e à anistia dos golpistas que tentaram impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa trama que incluía o seu assassinato, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que desbancou nos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023 com a destruição dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, gravou um vídeo divulgado em seu perfil do Instagram onde procura eximir-se da responsabilidade pela aprovação da malfadada PEC:
“Primeiro destacar que eu sou completamente contrário à PEC da Blindagem. Eu não votei (ele não vota, porque não é deputado) nem orientei a nossa bancada em relação a isso. A bancada (liderada por Pedro Campos, seu irmão) decidiu de forma interna pela liberação entendendo que era necessário pra no passo seguinte derrotar a anistia. Segundo ponto, quando eu soube que tinha um absurdo de querer incluir presidente de partido de forma imediata eu fiz uma intervenção pedindo que todos os deputados da nossa bancada votassem contrários a isso e foi feito de forma unânime (o que não é verdade, tanto que os presidentes de partido foram incluídos na PEC aprovada com os votos do PSB). Já falei com o líder no Senado, o senador Cid Gomes, e no Senado, de forma unânime, nós vamos dar 100% dos votos contra a PEC da Blindagem. E por fim dizer a vocês: eu sou contra a PEC da Blindagem e sou totalmente contrário à anistia. E tenho certeza que essa é uma posição que também contempla o nosso partido”.
Como se vê pela suas declarações, João Campos engoliu a posição encampada pela bancada de deputados liderada pelo seu irmão Pedro Campos e só agora, tardiamente, depois do leite derramado, decidiu falar com o líder do partido no Senado, o senador Cid Gomes (PSB-CE), para orientar a bancada de senadores do PSB a votar em bloco para derrotar a PEC da Blindagem. Essa posição do prefeito do Recife torna-se inócua, uma vez que antecipando-se ao presidente do PSB o relator da matéria, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já decidiu que na próxima quarta-feira apresentará seu relatório pela rejeição da PEC, “demonstrando tecnicamente os enormes prejuízos que essa proposta pode causar aos brasileiros”.
Em vídeo que gravou, veiculado nas redes sociais, o senador sergipano foi taxativo: “O esforço de muitos para passar pano e emplacar narrativas fantasiosas é comovente, mas o fato é que a Câmara aprovou uma PEC para proteger bandido, desde que ele seja parlamentar ou presidente de partido. É um absurdo injustificável, que vamos derrotar no Senado”, disse. Mesmo antes da aprovação pela Câmara, ele já dizia que a PEC seria a prova de que no Brasil “o absurdo virou cotidiano”. A relatoria de Alessandro Vieira foi uma escolha pessoal do presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o senador Otto Alencar (PSD-BA), também contrário ao texto, e o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que tem se declarado contra a PEC e à anistia dos golpistas.
A expressão “Quinta-coluna” tem origem militar e política. Seu significado está diretamente associado à traição interna – refere-se a quem, de dentro de um país ou organização militar, trabalham secretamente para favorecer o inimigo externo, como lembra Fernando Nogueira da Costa em recente artigo no site A terra é redonda.
A origem da expressão remonta à Guerra Civil Espanhola (1936–1939), quando o general franquista Emilio Mola preparava o cerco a Madri. Ele afirmou: suas forças se dividiam em quatro colunas militares marchando sobre a capital, mas havia uma “quinta coluna” já dentro da cidade: simpatizantes franquistas infiltrados entre os republicanos, prontos para sabotar e enfraquecer a resistência por dentro.
Desde então, “Quinta-coluna” passou a designar indivíduos ou grupos, sob aparência de lealdade, prontos para colaborar com um inimigo ou sabotarem os interesses nacionais a partir do interior do país. Ou fazendo lobby contra o Poder Executivo e o Poder Judiciário na própria sede do Império, como faz o o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, associando-se ao presidente Donald Trump para perseguir autoridades brasileiras e decretar sanções contra a economia brasileira utilizando o poder militar e econômico da maior potência do mundo para tentar livra o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, das penalidades impostas pelo Poder Judiciário pelos crimes cometidos, como o de golpe de Estado.
