Contraditório como cidadão, como político e como mentiroso, Jair Bolsonaro defendeu, como parlamentar, uma série de propostas indecentes contra o Brasil. Como presidente da República, em quatro anos ele produziu um kit com centenas de itens prejudiciais ao país e ao povo brasileiro. Com seus planos mirabolantes para se dar bem e amparar a família, prejudicar a nação e emparedar supostos inimigos, Bolsonaro presidente cometeu – e comete – uma série de erros primários. Perdeu tudo, mas os planos continuam na cabeça sem cérebro.
Por isso, não foi reeleito, está inelegível, responde por numerosos crimes e, a menos que haja um evento devastador, não tem mais condição de recuperar o poder, muito menos a liberdade. É o fim da linha. Também não adiantam as ameaças de Donald Trump, tampouco o pedido de desculpas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes. O que é dele já está lacrado. Em breve, ele também será fechado em lacre. Suas falhas de conduta, de personalidade, de comando, de caráter e de respeito às leis não foram poucas. E daí? Não faz mal, pois, apesar da proximidade da prisão, ele permanece se posicionando como inocente e jura ser puro e acima de qualquer suspeita.
Graças a Deus, a essa altura poucos ainda aceitam embalar o tal Matheus. Principal estimulador do fracassado fuzuê denominado golpe do 8 de janeiro de 2023, ele sonha com o dia em que ainda colocará fogo no parquinho. Não conseguiu como mandatário e dificilmente conseguirá como político sem mandato. Apesar disso, mantém um fictício comando e jura para si mesmo que tem a eterna condição de dar peruada. Empavonado após a faixa presidencial, passou a pensar como dono do mundo. Depois de liberar as florestas para madeireiros e garimpeiros ilegais, se lixou para a mortandade de índios da região e de brasileiros infectados pela Covid 19.
Fez muito pior ao se unir ao que há de mais nefasto na política globalizada, fazer chacota interna e externa com valores caríssimos à democracia brasileira, dividir o país em “patriotas” e em “comunistas” e estimular, articular e executar uma sórdida trama para derrubar um presidente eleito democraticamente. Conforme alguns colunistas, durante sua gestão, a mais hedionda que o Brasil já teve, Jair Bolsonaro foi ineficiente na economia, desumano na Covid e desordeiro na lei.
A conta chegou. Como qualquer brasileiro, se ele errou tem de pagar. Sua dívida com a Justiça se deve exclusivamente à forma como negou – e continua negando – as leis e as normas vigentes. O atual plano tem validade futura, mas, embora jogue com cartas que não têm, tende a assustar desde já, pois trabalha incessantemente para transformar o Congresso Nacional em casa de facilidades, que é muito pior do que a Casa de Mãe Joana. A ideia é que a extrema-direita seja majoritária no Senado a partir de 2026. Para isso, são necessários pelo menos 41 dos 81 senadores. Ou seja, nada tão difícil para uma sociedade dividida e emocionalmente afeita a espetáculos. Seria mais um indecente crime de Bolsonaro contra o Brasil.
A adjetivação não incomoda o cidadão que, desde o berço, só tem projetos para se dar bem, prejudicar a nação e o povo e, por consequência, pisar no pescoço de quem ousou atravessar seu caminho. Caso o plano dê certo, os senadores conquistam mais poder do que o presidente da República. Como Deus não deu asas às cobras, provavelmente o roteiro traçado pelo ex-presidente naufragará. Com Bolsonaro preso, seus aliados morrerão na praia. Se os bolsonaristas já tivessem essa sonhada maioria na Câmara Alta, aposto e dobro como seus membros há muito teriam pautado um projeto fantasma para retirar do Hino Nacional a frase “Verás que um filho teu não foge à luta”. Afinal, o fujão Eduardo Bolsonaro precisa ser protegido.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
