O meritíssimo juiz Marcelo Baldochi, da comarca de Senador La Rocque, no Maranhão, que já ganhou notoriedade por fatos registrados fora do Fórum, volta a ocupar espaço na imprensa ao dar voz de prisão a funcionários a três funcionários da companhia aérea TAM, por ter chegado atraso para o embarque e perdido o voo.
O incidente aconteceu no sábado 6. Mas Baldochi esteve envolvido em outras duas polêmicas, tempos atrás. Há dois anos, ao se negar a pagar os serviços de um flanelinha, acabou sendo esfaqueado. Antes, em 2007, foi denunciado pelo Ministério Público por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão em sua fazenda.
A volta do famoso “Você sabe com quem está falando?!” parece ganhar força desde o episódio envolvendo uma agente de trânsito e um juiz, no Rio de Janeiro, que se negou a fazer o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca. Sobrou para a fiscal do Detran, claro, que foi condenada a pagar uma multa por desacato a autoridade.
No caso do voo da Tam, relatado por um prestador de serviço do aeroporto de Imperatriz, o juiz ficou nervoso após ser informado pelo funcionário que o horário de embarque já havia encerrado. O juiz, portanto, não poderia mais entrar no voo porque ela estava em procedimento de decolagem.
“Depois disso, ele ligou para a polícia para que viessem prender o funcionário. Ele ficou gritando no aeroporto, deu show de arrogância, de grosseria. E olha que os funcionários foram educados, não fizeram nada com ele, apenas informaram que não poderia viajar porque a aeronave já havia sido fechada”, relatou.
Ainda segundo a testemunha, os outros dois funcionários tiveram voz de prisão dadas porque foram tentar ajudar o colega e explicar que as normas da aviação não permitiriam o embarque.
A polícia informou que os funcionários foram encaminhados à Delegacia Regional de Imperatriz, onde prestaram depoimento, mas foram liberados em seguida. Eles foram acusados pelo juiz de crime contra o consumidor.
A polícia informou ainda que o juiz que fez a denúncia não compareceu à delegacia para prestar depoimento ainda. Ele conseguiu embarcar em outro voo ainda no sábado, da companhia aérea Gol. Ele deve ser intimado nos próximos dias.
Fica uma lição. É como se a gente se transportasse no tempo, década de 80, lembrando o Legião Urbana. Nas favelas, no senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação…
Publicado originalmente em naredecomjoseseabra.com.br