Como as redes sociais já apontavam na semana passada, as pesquisas comprovam agora que a popularidade do governo subiu, interrompendo uma longa sequência de quedas na aprovação. Mas, ainda melhor, isso ocorreu no sudeste, na classe média e no ensino superior, fora dos setores tradicionais do lulismo. Em duas semanas, ir para cima do centrão e dos EUA fez mais pela aprovação do governo do que qualquer outra iniciativa nos três anos de mandato ou do que Sidônio na Secom em sete meses. O que comprova que o governo tem problemas de comunicação, mas também faltava conteúdo e um pouquinho de sangue nos olhos.
Enquanto a batalha contra Trump ainda deve se prolongar, internamente, pelo menos, o Planalto ganhou a queda de braço com o centrão e conseguiu reverter no STF o decreto de aumento do IOF. Ainda neste campo, o governo viu os projetos de isenção do Imposto de Renda e a taxação dos super ricos e a PEC da Segurança Pública avançarem firmemente.
E com domínio do jogo, o Planalto ainda vai devolver o aumento de deputados para o Congresso, que pode retroceder ou assumir a impopularidade da aprovação da criação dos novos cargos. Mas nem todos os problemas no Congresso estão resolvidos.
Fiel e leal ao bolsonarismo e à Trump, a bancada ruralista aprovou o PL da Devastação e arranjou mais um subsídio de R$30 bilhões desviando recursos da saúde e da educação, enquanto o centrão ainda se agarra à sua proposta de reforma administrativa, vulgo redução do Estado. Na outra frente de batalha, a ofensiva de Trump permitiu à esquerda não só bater nos bolsonaristas, como ganhou de barbada a chance de bater também no seu sucessor, Tarcísio de Freitas.
Para não desperdiçar energias, o governo deve seguir atuando nas duas frentes, com Alckmin coordenando a contenção comercial aos estragos de Trump, e a militância de esquerda na campanha pela taxação dos ricos e cercando o centrão no Congresso.
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Ponto é produzido por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile para o MST
