Um dia sim e outro também, a família Bolsonaro se divide entre as igrejas evangélicas, velórios, reuniões de bacanas e convescotes do Partido das Lágrimas para divulgar o mantra de que Lula da Silva é ladrão, corrupto e principal culpado pelas mazelas do país. Onde houver tolos, lá estará o clã com sua insistente, enfadonha e grotesca ladainha de santidade golpista. A cantilena da vez é culpar o presidente da República pelo tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a todas as exportações brasileiras para o mercado norte-americano.
A teimosa lengalenga bolsonarista parece ter sido comprada recentemente por um importante instituto de pesquisa. Tanto que, salvo eu ser o próprio imbecil, o público a ser consultado e a pergunta foram claramente escolhidos a dedo. Será que foi o Conselho Editorial? Talvez o Departamento Financeiro. Seja lá quem recomendou a consulta e quem captou as respostas, tudo indica que a edição final precisava ter a manchete que teve.
Perdão pela sinceridade, mas disseminar o que foi disseminado é tentar negar o óbvio ululante. A pesquisa concluiu que Luiz Inácio é o culpado pelo tarifaço de Donald Trump. Trágicos não fossem cômicos, os dados propagados e divulgados pela chamada grande imprensa se assemelham a um cântico de desmiolados em alto grau, quase estúpidos. Não é mera coincidência a consulta conter números contra Lula. Como os tolos não sabem o que dizem, o melhor é não levar em consideração o que respondem, tampouco o que publicam.
Foi o que fiz ao me deparar com a conclusão da pesquisa de opinião. Obviamente que os que culpam Luiz Inácio pelo tarifaço e, provavelmente, também pela tentativa de Trump em intervir no Supremo Tribunal Federal, pertencem ou defendem aquela incômoda e chata seita política familiar. Na verdade, lutam para livrar Jair Messias da prisão. Os 35% que culpam Lula pelo tarifaço encomendado por Jair e Eduardo Bolsonaro são a prova de que no Brasil existem mais tolos do que homens.
Um pouco menos estulto do que todos os lerdos, fico com a máxima de Mariano José Pereira da Fonseca, o Marquês de Maricá. Segundo ele, perante um auditório de tolos, os velhacos se tornam fecundos e os doutos silenciosos. Por conta deles, não há como deixar de lembrar de Raul Seixas, para quem a coisa mais penosa de nosso tempo é que os estúpidos têm convicção e imaginação, mas, mesmo assim, vivem cheios de dúvida e de indecisão. Por essa e outras, mantenho o silêncio como a melhor resposta para esse tipo de gente. Afinal, onde a ignorância fala, a inteligência não deve dar palpites.
O instituto, a empresa que o mantém, o Brasil e todos os brasileiros sabem que o presidente Lula está muito distante da perfeição. Seu passado o condena. Entretanto, transferir clara e criminosamente para ele o estrago político e econômico decorrente das ações coordenadas pelos Bolsonaro significa desespero absoluto. O clã do mal começa a ter consciência de que os efeitos da tragédia imaginada por Jair e por Eduardo Bolsonaro terá efeito contrário. Lula não é anjo, mas está longe de ser o diabo imaginado por aquela santa família que sonha com o Brasil no inferno.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais