Jornalista, cartunista e desenhista, Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, Jaguar para os íntimos e, principalmente, para os desembestados do golpismo, partiu prematuramente aos 93 anos. Se foi sem se lembrar onde deixou a bebida que havia deixado. De todas as suas frases, a mais relevante é aquela em que ele diz que, do ponto de vista cósmico, a vida e a morte de um homem e as de um inseto são igualmente irrelevantes. Não sou místico, tampouco tenho superstições. Na verdade, meu misticismo é não querer saber nada. É viver e não pensar nisso.
Como vivemos uma época em que muitos homens acreditam que a ignorância, a intolerância, o fanatismo e o misticismo os salvarão do desconhecido, penso que preciso repensar minhas crendices e meus dogmas. O primeiro passo é a certeza de que não há céu ou inferno. Ambos são aqui mesmo na Terra, onde quem erra tem de reparar o erro, duela a quien duela. O passamento de Jaguar e a criação de uma nova editoria em Notibras me obrigaram a buscar fontes diferentes dos anjos, das estrelas e dos astros, pois eles não são capazes de escolher o nosso caminho, muito menos o nosso destino.
Filosofias engarrafadas em barris de carvalho à parte, incrível, mas, desde o surgimento da Editoria Oráculos, a redação de Notibras se transformou em um torvelinho de magia. Tudo baseado em fatos, mais especificamente nos inquéritos e declaratórios envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o último bastião da maldade política. Como grupo plural, Notibras tem de tudo um pouco, inclusive aqueles mais patriotas e, naturalmente, profetas da liberdade para todos. E não se trata de especuladores, de cidadãos de pruridos duvidosos ou de escribas festivos e oportunistas, do tipo maria vai com as outras.
Diversa ideologicamente, isento politicamente, mas coesa jornalisticamente, a equipe de Notibras foge dos achismos, isto é, só se baseia na legalidade e em fatos concretos, por mais que sejam interpretativos juridicamente. E esses são redonda e quadradamente desfavoráveis ao mito de geladeira. Tanto isso é verdade que, mesmo entre os mais céticos, não há dúvida de que Alexandre de Moraes, hoje apenas Xandão, já tem opinião formada, decifrada e registrada em cartório. Ou seja, para nosotros, a prisão é pule de dez em qualquer casa de apostas, inclusive no Cassino Betano, 100% autorizado pelo governo brasileiro.
Apesar do suposto bananismo da República, por aqui as leis e as regras ainda são claras. Pouco importa que o fora da lei seja um afanador de picanha, um punguista de braguilha ou um golpista assumido lá quem for. Cometeu crime, tem de pagar. É o caso do nosso preclaro ex-presidente, ora réu sem volta no Supremo Tribunal. O preclaro é só para encher linguiça, na medida em que que de ilustre, distinto e notável o moço não tem se quer o nome. Jair tem o mesmo sufixo de sair e de sumir, verbos que, em breve, ele, por ordem de Xandão, conjugará na primeira pessoa.
Como meu gongá é na Bahia, decidi optar pelas mirongas de Brasília, pelo coco sem dendê do Congresso e pelo rufar dos tambores do STF. Seguindo os ensinamentos do místico, sábio e companheiro Mathuzalém Júnior, o homem que tece os fios da sorte e da magia nas curvas do tempo, também queria saber quantos serão os múltiplos de 10. Por enquanto, aposto em reclusão máxima de meio século. Entretanto, sou capaz de gastar mais alguns mil réis e cravar nos 40. Saravá, Pai Oxalá! Venha de onde viver, mas venha logo nos tirar dessa aflição agostina. Mês do desgosto, agosto está no fim. Que chegue logo setembro e que no dia 2, talvez 3 ou 4, no máximo dia 12, consigamos inventar uma nova canção capaz de nos trazer de volta o Sol da Primavera.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
