Melhor sistema político do mundo, a democracia permite a todos dizer publicamente o que bem entendem. A norma regulamentar e menos animalesca só exige que a honra alheia não seja ferida, sob pena de réplica e tréplica. Isso parece não valer para Jair Bolsonaro e seu staff. Nesse domingo (29), durante a minguada, insípida, xoxa, anêmica e entediante manifestação na Avenida Paulista, o desanimado e enfraquecido ex-presidente disse, em alto e bom som, que “jamais passaria a faixa presidencial a um ladrão”. Claro que não passaria porque perdeu a eleição justamente para quem ele adora chamar de ladrão.
Se não estivesse próximo do fim e vencesse em 2026, certamente o ladrão também jamais passaria a faixa para um golpista fajuto, mas declaradamente familiarizado com a tirania. É aquela velha história do roto falando do esfarrapado. Se fosse realmente um político íntegro e sério como diz não estaria bem próximo do xilindró. Na esteira da verborragia rasteira do Messias de todas as loucuras políticas e golpistas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atacou o presidente Luiz Inácio e, apenas para ou ouvidos da patriotada incrédula, afirmou que o Brasil não aguenta mais o PT. Não acho que ele tenha dito nenhuma bobagem extrema.
Entretanto, ele deve ter deliberadamente esquecido que os brasileiros torcem para que os filósofos do PL e os fanáticos piolhentos da extrema-direita sigam o mesmo caminho de Bolsonaro: os quintos do inferno. Mais uma vez, os coitadinhos e bajuladores do Jair de todas as mazelas usaram o discurso da perseguição para desqualificar o Poder Judiciário, particularmente o ministro Alexandre de Moraes, magistrado acima de qualquer suspeita e que, contra a bandidagem golpista, teve coragem de mostrar a Bolsonaro que seu lugar não é na Praça dos Três Poderes.
Avatar do mal, o pastor Silas Malafaia, organizador dos convescotes da direita, aproveitou a procissão dos bolsonaristas sem nexo e sem nexo para repetir o vocábulo preferido quando quer se referir a Alexandre de Moraes: ditador. Logo ele, que é uma referência do que há de pior na religião evangélica. Ditador é aquele que exige de seus comandados e seguidores somente resultados financeiros. A fé e o prazer religioso que busquem em outro lugar. Mesmo assim, ele é um dos que adoram chamar Lula de ladrão.
A única coisa correta que o povo brasileiro que não acredita em duendes ouviu nesse domingo na Avenida Paulista é que Moraes não tem uma prova contra o golpismo de Bolsonaro. Bingo às avessas. Ao contrário do que pregam os tarados por baboseiras, o ministro tem um caminhão trucado de provas. Nem precisava de tantas. Um ou duas já serão suficientes para acabar com a carreira de santo do ex-presidente. Outras duas ou três o levarão da Paulista ou da orla de Copacabana direto para Tremembé, Papuda ou, quem sabe, Bangu 1.
Como pregam os pensadores do século 21, dias ruins são necessários para os dias bons valerem a pena. Estamos mais próximos desse dia do que imaginamos. Voltando à crítica do governador paulista, provável futuro candidato à Presidência, o Ministério da Saúde tem advertido os eleitores conscientes de que ouvi-lo e a seus defensores após o almoço ou o jantar causa congestão e, às vezes, nós nas tripas. Quanto à sede de poder de Bolsonaro, vale lembrar que a insistência destrói qualquer resistência. Concluo acreditando que o PT e Lula da Silva devem estar realmente incomodando os tolos, irracionais, rancorosos e maus perdedores. Como contrapartida, o povo que pensa já encheu o saco das palhaçadas de Jair Bolsonaro e da chatice escrota dos bolsonaristas.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
