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Milho enfrenta desafios e vira símbolo de resistência no Nordeste

O milho, base da alimentação e da cultura nordestina, atravessa um período de altos e baixos. A produção, que cresce em algumas áreas graças ao uso de tecnologias de irrigação, enfrenta também os efeitos da seca, do aumento nos custos de insumos e da dependência de atravessadores.

No campo, o grão é essencial para pequenos agricultores e para a alimentação animal. Na cidade, é presença garantida nas mesas, especialmente durante o período junino, quando canjica, pamonha e bolo de milho ganham protagonismo.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Nordeste responde por cerca de 15% da produção nacional de milho. Estados como Bahia, Maranhão e Piauí lideram, mas o grão também é cultivado em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

Apesar do crescimento em áreas irrigadas, a seca ainda prejudica agricultores do semiárido. Muitos dependem de programas de compra governamental para escoar a safra.

“O milho é a nossa vida. Quando chove, dá para colher bem. Mas quando falta água, o prejuízo é grande”, relatou José Raimundo, agricultor em Juazeiro (BA).

Nos últimos meses, o preço do milho subiu nos mercados e feiras. O aumento está ligado ao custo de transporte e à demanda da pecuária. Para o consumidor final, isso se reflete no valor de produtos tradicionais.

“Um saco de milho verde que eu comprava por R$ 30 agora está quase R$ 50. Fica difícil para quem vende pamonha e bolo manter o preço”, disse Maria Clara Silva, doceira em Campina Grande (PB).

Cooperativas da agricultura familiar buscam alternativas com o uso de sementes resistentes à seca e técnicas de irrigação sustentável. Pesquisadores da Embrapa Semiárido também desenvolvem variedades adaptadas ao clima da região.

Especialistas defendem políticas de incentivo à produção local, reduzindo a dependência de importações de outras regiões. “O milho é estratégico não só para a economia, mas para a cultura nordestina. Fortalecer a produção significa garantir renda e identidade”, afirmou o economista rural Carlos Mendonça.

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