Com cheiro de podre até a vigésima-segunda veia da bosta, a direita, se quiser falar da esquerda, terá de dobrar a língua de trapo, se esconder no quarto escuro, liberar seus membros para uma suruba política e, somente após uma intensa discussão sobre a relação, buscar estímulos para anunciar que, sem perspectivas de futuro, vai assistir de camarote a chegada do Lula 4. Fosse um poeta, eu diria aos impolutos que insistem em endeusar a turma de crápulas que chegou a hora de vocês darem vez e voz àquela vontade absurda de sair por aí, sem rumo, sem direção e sem data para voltar.
Se aceitarem sugestão, voltem para a quarta posse de Luiz Inácio, no dia 1º. de janeiro de 2027. Saibam que, ao contrário do que fizeram em 2019, serão bem-vindos. Quase um cadáver à beira da cova, o morto vivo Jair Bolsonaro pode ter contribuído para o ocaso eleitoral dos extremistas. Entretanto, reavaliando a disputa de 2022, com certeza o que ainda resta dos 35% de brasileiros que se classificavam como sendo de direita deve estar morrendo de vergonha das falcatruas de seus representantes na Câmara e no Senado.
A hipérbole não é de todo exagerada, considerando que, não faz muito tempo, milhares de patriotas choraram rios de lágrimas com as barbaridades produzidas por Jair Messias e seus aliados. Chegou a hora do retorno. Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio para desmascarar os falsos nobres e os metidos a puritanos. Os que diziam dormir envoltos no manto da moralidade são os mesmos que hoje acordam gravemente enrolados no celofane da corrupção, da ladroagem e da picaretagem.
Reles como cidadãos, pífios como homens públicos e desavisados como defensores da bandidagem política, as excelências da direita bem que poderiam calçar as sandálias da humildade, se fantasiar de éticos, fechar os olhos e descer pela primeira chaminé com destino àquela ponte que partiu entre a Câmara e o Senado. Quem sabe eles e elas voltam menos sedentos pelo dinheiro público que anualmente desce pelo ralo da corrupção explícita.
A esses recursos roubados do povo, deputados e senadores deram o jocoso apelido de emendas parlamentares, fixadas secretamente no Orçamento de 2026 em R$ 61 bilhões. É ou não é uma vergonha? É o mesmo dinheiro que o pastor carioca Sóstenes Cavalcante jura ser decorrente da venda de um imóvel. Que eu saiba, compra e venda de terrenos, casas ou apartamentos exigem documentação registrada em cartório. Além disso, na era do PIX e da transferência online, imaginar um comprador tirando do bolso quase R$ 500 mil em espécie é mais hilário do que qualquer piada de gago.
São os tais moralistas ou impolutos, como eles mesmo se autodenominavam até que a casa começou a cair. Nada de mais que pensem assim. O problema é quando eles acham que todos os brasileiros fora do espectro conservador são bestas. Na verdade, besta é tu, meu caro deputado afanador do dinheiro do trabalhador. Se achando mais espertos do que o mágico do Circo Vostok, os aliados do Jair sequer esperaram o fim da legislatura. Acho que na cabeça deles está clara a seguinte teoria: se o mestre evacuou desde o início de seu governo, é bom alvitre evacuarmos no meio de nosso mandato. E assim estão fazendo. E é assim que, mesmo borrados, serão todos presos. Difícil não é fazer o que é certo, mas descobrir o que é certo fazer. Está provado que isso a direita nunca saberá.
…………….
Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
