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Morte política do mito faz seguidores vagarem como almas penadas

O presidente Jair Bolsonaro recebe o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, no Palácio do Planalto.

Apesar de a maré estar desaguando mais à esquerda, isto é, está mais para tubarão de toga do que para bagrinho que ainda se acha um melro, a ordem naquela seita que prega em círculos se mantém inalterada: Ninguém vai ao Pai se não for pelas mãos do mito. Afinal, ele é o caminho, a verdade e a vida. Limpos e claros a seus próprios olhos, são somente os cristãos de mentirinha, aqueles que desejam a derrocada de todos os que ousam atravessar seus caminhos na direção do poder. São como hits musicais fabricados. Estão sempre no topo, mas nunca dizem algo que realmente tem valor para a maioria da sociedade.

Embora os fanáticos da seita acreditem em seu discurso de “salvação”, aquele falso profeta dos palanques só está preocupado em acumular riqueza por meio da fé. Não consegue sequer tirar o aprendiz de feiticeiro da berlinda em que se encontra desde que se achou o dono do mundo. Nunca foi, não é e jamais será. Os votos disseram isso em um passado bem recente. Agora, lhe resta torcer para que os votos que não precisam ser depositados na urna eletrônica sejam pelo menos um pouco mais generosos com relação ao tempo que o deixarão fora do ar.

Curioso, mas o versículo 1:7:1 da Bíblia (sempre ele) revela que “Eis que surgirá um falso Messias que se unirá a falsos profetas e muitos falsos cristão irão adorá-lo”. Tudo a ver com a lenda urbana e com o que vivemos antes e depois de 2018. A Avenida Paulista e a orla de Copacabana são os novos púlpitos dos sacerdotes que vestem peles de cordeiro, mas não passam de lobos devoradores. A Bíblia nunca erra. Como Deus é brasileiro, o Messias mal chegou e já dançou.

Dançou antes do tempo porque deve ter sido informado que no céu não entram mentirosos, muito menos negacionistas e disseminadores de fake news. Portanto, ainda há tempo da remissão dos pecados. Enquanto a justiça não vem, boa parte dos seguidores fiéis e dos nada-fiéis vagam na terra da qual pretendiam ser os donos. Como se fossem maestros sem partitura, cirurgião sem bisturi ou Claudinho sem Bochecha, os “patriotas” e os simpatizantes das causas do sem-causa Messias estão cada vez mais perdidos.

Sem um mito para tocar, apalpar e chamar de seu, eles não sabem o que fazer para manter acesa a esperança de dias melhores na política brasileira. De poderosos sem limites de inabilidade a malandros agulha foi um salto maior do que suas próprias pernas. Como se esqueceram de que povo mal notará o que se diz, mas nunca do que se faz na terra, os representantes da tal seita se cansaram pouco depois da reta final e, sem chances de reverter a derrota, começam a andar para trás.

Os governadores supostamente prontos para a sucessão precisam ter coragem e capacidade para aproveitarem o momento de repensar a busca pelos votos eleitorais. Os episódios que dividiram e entristeceram a República são a prova de que o Brasil não suporta mais discursos radicais e de militância. O povo se cansou do rame rame de que esse não gosta daquele porque é de esquerda ou de direita. Venham de qualquer lado, mas tragam propostas e ideias capazes de minimizar as mazelas da população. Quanto aos falsos profetas, a maior desgraça é que eles não querem o inferno só para eles. Para onde forem, levarão juntos os fanáticos.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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