O ano de 2025 deverá ficar marcado na revista Cães&Gatos pela histórica prisão do nono ex-presidente da República. E não se trata de um ex-presidente qualquer. Especializada em cachorradas, gatunagens e ratutaias, a especializada publicação contará a trajetória de um mandatário de um único mandato, aposentado do Exército como capitão e que, em apenas 12 meses, pessoalmente movimentou a bolada de R$ 30 milhões. Perdão pela crítica matemática, mas essa conta não fecha.
Tudo bem que há proventos de ex-deputado e que seus seguidores financiam parte de sua nababesca clausura familiar. Além disso, também estão incluídas a abundância de PIX e a “sigilância” do uso do cartão corporativo para motociatas, acrobacias no Lago Paranoá e para os convescotes da Avenida Paulista e da orla de Copacabana. Dirão os bolsonaristas que a gigantesca quantia realmente é muito acima da média. Todavia, direi eu que para o terrivelmente honesto Jair Bolsonaro isso é quase nada.
Não é nada, não é nada, mas 30 milhas correspondem, no mínimo, a uma Mega-Sena acumulada. Fosse eu o presidente Lula da Silva, desde a descoberta milionária estaria dormindo o sono dos anjos. Por quê? Porque finalmente perceberam que, se Lula realmente é o que os bolsonaristas não se cansam de dizer, ele agora tem um parceiro à altura. Quem sabe mais alto. Tomara que esse comparativo um dia seja feito pela mesma revista. Enquanto isso não ocorre, lembremos que os R$ 30 milhões não são apenas narrativas. São fatos.
Agosto ainda não acabou e setembro ainda nem começou. Entretanto, o que é de Jair, de Eduardo, de Malafaia e dos chamados malas que “faiaram” está guardado a sete chaves na tabuada do ministro Alexandre de Moraes. Por falar em números extravagantes e incômodos para a maioria da população brasileira, o que virá de Xandão certamente também será matemático. Poucos têm dúvida de que a soma penal terá dois dígitos. Resta saber o quantitativo de dezenas, isto é, quantos serão os múltiplos de 10.
Embora a decisão seja esperada para a segunda quinzena de setembro, a matéria de capa do semanário Cães&Gatos provavelmente vai usar o desfecho de agosto como o derradeiro suspiro do cachorro louco. Na página 2, a manchete talvez faça referência ao gato que subiu no telhado do clã Bolsonaro. Os ratos, as cobras e os abutres que habitam o entorno do moço dos R$ 30 milhões possivelmente serão destrinchados em uma próxima edição. Aguardemos! Até lá, a bicharada precisa se conter e parar de xingar uns aos outros.
A verdade é que o caranguejal está mais próximo de sucumbir do que imagina qualquer imbrochável. Parafraseando Ariano Suassuna, como sou pouco e sei pouco, faço o pouco que me cabe me dando por inteiro. Por isso, me matriculei em um intensivão de inglês para, tão logo saia o veredito de Alexandre de Moraes, comemorar com as únicas palavras que pretendo aprender: All (tudo) e Cool (legal). Aportuguesando, farei do Alcool (tudo legal) o meu modus visitandi aos botecos da cidade. Por fim, sei que o tema não serve de mote para a Cães&Gatos, mas não custa lembrar ao pastor Malafaia que, no xadrez, é comum comerem o bispo.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
