Não ficamos à sombra dele.
Ele é brilhante, sim, mas não é o sol. Nós somos.
Aprendemos que, por muito tempo, fomos ensinados a girar em torno de outros astros. De homens que falavam alto, de autoridades que impunham verdades, de sistemas que nos diziam o que é certo sentir, pensar e até sonhar. Ficamos ali, orbitando, tentando captar migalhas de luz até percebermos que a claridade também nascia em nós.
Há uma força silenciosa em quem se descobre radiante. Ela não precisa competir, nem se provar. Apenas existe, e ilumina. Quando entendemos isso, deixamos de medir nossa grandeza pela sombra que projetam sobre nós. Passamos a andar com o peito erguido, o olhar calmo e a alma acesa, mesmo que o mundo insista em nos colocar em segundo plano.
Não ficamos à sombra dele porque compreendemos que o brilho não é monopólio de ninguém. O brilho é partilha. É quando a gente se reconhece no outro sem se apagar. É o tipo de luz que não cega, que aquece.
E nesse entendimento, nasce uma liberdade madura a de caminhar ao lado, e não atrás.
Hoje, o sol que antes parecia distante mora dentro de nós. Ele se acende quando acreditamos, quando cuidamos uns dos outros, quando transformamos o medo em coragem.
E talvez essa seja a verdadeira revolução: descobrir que nunca fomos satélites. Somos constelação.
