O sol nasce cedo no sertão, e com ele desperta o povo que nunca se entrega. É como se cada raio trouxesse um lembrete antigo: “levanta-te, que a vida não espera”. O sertanejo, acostumado com a seca, o chão rachado e o vento quente, aprendeu que a resistência não está na força dos braços, mas na teimosia da esperança.
Entre o canto do galo e o cheiro do café coado, ele ergue os olhos para o horizonte, mesmo sabendo que a chuva pode não vir. E ainda assim, planta. Planta milho, feijão, sonhos — tudo regado com fé. Porque no sertão, quem não crê, não vive.
As mãos calejadas contam histórias de quem já perdeu muito, mas nunca deixou de tentar. De quem viu a terra esturricada se abrir em fenda, mas também florescer após uma chuva curta. Cada broto verde é um milagre, e cada dia vivido, uma vitória silenciosa.
No sertão, o tempo ensina que cair não é o fim — é o começo da resistência. O sertanejo que se levanta carrega dentro de si uma força que o mundo não entende. Ele é feito de poeira e coragem, de lágrima e riso, de dor e recomeço.
E quando o crepúsculo pinta o céu de laranja, ele descansa o corpo cansado, mas não a alma. Porque amanhã, antes mesmo do sol, ele se levantará outra vez — como sempre fez, como sempre fará.
