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Nordestino alonga o futuro e vê a expectativa de vida crescer cada vez mais

Diziam que o tempo por aqui corria devagar, como um vento preguiçoso atravessando o sertão. Mas, de repente, o relógio parece ter descoberto um novo compasso. A região que por tanto tempo foi vista pelas lentes da carência agora estica seus dias, acrescenta anos à própria história e desenha no céu uma linha de vida mais longa e mais luminosa.

Nos postos de saúde, nas casas simples, nas cidades que cresceram como quem acorda de um sono antigo, há uma vibração diferente. São vozes mais velhas, mas firmes, que contam memórias sem pressa — porque agora há tempo. As avós de mãos miúdas, que antes temiam o amanhã, agora planejam ver os bisnetos correndo pelo terreiro. Os homens que dobraram a coluna no roçado sopram na cajuína a alegria de saber que a vida se dilatou um pouco mais.

O Nordeste registrou o maior crescimento da expectativa de vida do Brasil. Não é número frio, desses que a gente joga numa planilha e esquece. É conquista que se costura no cotidiano: na ampliação do saneamento, no olhar atento da saúde da família, na comida que deixou de faltar, na informação que chega antes da doença. É o futuro deixando de ser promessa distante e virando morador da casa.

Por isso, ao cair da tarde, quando o céu nordestino se veste daquele vermelho que ninguém mais consegue copiar, há uma pequena festa invisível. É como se cada raio dissesse: “Vocês venceram mais um pouco.”

E o povo, que sempre soube se reinventar, agora reinventa também a própria duração. Vive mais. Vive melhor. E segue, como sempre, ensinando ao país que resistência não é apenas sobreviver — é conquistar novos anos para viver.

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