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Nordestino curte a vida entre riqueza do Sertão e malemolência do litoral

No Nordeste, a vida é escrita em dois ritmos: um marcado pela poeira quente do sertão, outro embalado pela brisa mansa do litoral. Entre um e outro, há uma ponte invisível, feita de memórias, sabores e um jeito único de caminhar pelo mundo.

No sertão, a riqueza não se mede em moedas, mas em resistência. É o valor que brota dos mandacarus que insistem em florir mesmo sob o sol impiedoso. Ali, cada amanhecer é um pacto de coragem, cada noite é promessa de que a vida, por mais dura, sempre encontra um jeito de seguir. O sertanejo carrega no olhar uma força antiga, herdada da terra rachada, e no peito um orgulho teimoso que nenhum aperreio derruba. É uma riqueza que não cabe em cofres: cabe na alma.

Já no litoral, a vida dança noutro compasso. A maré vai e volta como quem sussurra segredos ao ouvido das cidades. A malemolência está no andar, na fala mansa, na rede armada à sombra dos coqueiros. É o movimento leve de quem aprende com o mar a se deixar levar, sem nunca perder o rumo. Ali, a alegria tem gosto de sal e o tempo se estica devagar, como quem quer aproveitar cada pedaço de sol.

Sertão e litoral: dois mundos, um mesmo coração. O que um tem de secura, o outro devolve em frescor; o que um tem de dureza, o outro equilibra com doçura.

E o nordestino, esse cabra sabido, sabe transitar entre os dois como quem troca de pele, mas nunca de essência.

Porque no fundo, é essa mistura que faz o Nordeste ser tão grande — a força bruta do sertão e a malemolência suave do litoral, convivendo dentro de um povo que transforma cada desafio em poesia, cada canto em história, cada passo em resistência.

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