Nem todo mundo precisa pagar mensalidade para estudar. Aliás, no Brasil, milhares de jovens sonham em conseguir uma vaga numa universidade pública ou uma bolsa de estudos. Entre os nordestinos, por exemplo, quando conseguem, é festa. É como ganhar na loteria: “Agora vai!” — pensam. Só que, passado o entusiasmo, a realidade bate à porta com toda a delicadeza de um caminhão desgovernado.
Porque mesmo sem mensalidade, estudar custa caro. Passagem de ônibus, alimentação, livros, materiais, computador para acompanhar as aulas… Fora o tempo — que é dinheiro para quem não pode abrir mão de trabalhar. Há quem passe o dia todo na universidade e, ainda assim, tenha que virar a noite em um emprego qualquer para pagar o básico, como moradia, internet, uma marmita no intervalo…
Os desafios financeiros parecem uma sombra constante. Uma prova importante, mas você precisa escolher entre comprar o livro da disciplina ou recarregar o bilhete único. Uma oportunidade de estágio, mas sem bolsa — e como arcar com transporte e refeições, sem receber nada?
Alguns desistem. Outros se agarram com unhas e dentes àquele sonho, mesmo cansados, mesmo exaustos, mesmo sem saber se vai dar certo no final. Porque, para quem vem de longe, a educação é mais do que um diploma: é uma chance de mudar a história que já vinha sendo escrita há gerações.
No fim das contas, o acesso à educação superior gratuita é um privilégio — mas que vem carregado de batalhas invisíveis. São heróis anônimos, com mochilas gastas e olhos sonhadores, atravessando o país em busca de um futuro melhor, mesmo quando a estrada é longa, mesmo quando parece impossível.
