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Nordestino mantém vivo sonho de sertão virar mar

Dizem por aí, desde o tempo dos avós dos avós, que “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. No começo, muita gente achava que era só conversa de poeta, exagero de cantador que gosta de esticar o mundo com palavras. Mas quem vive no Nordeste sabe: essa frase é mais que profecia — é esperança teimosa, dessas que o povo planta no peito mesmo quando o chão racha.

O sertão sempre foi duro, seco, quente de lascar o juízo. Mas, ao mesmo tempo, é onde mora uma força que não se explica. É no sertão que o horizonte parece não acabar nunca, e onde o sol, mesmo queimando, ilumina uma fé que ninguém dobra. Cada mandacaru que resiste é um lembrete: por aqui, nada se entrega fácil.

De tempos em tempos, vem a chuva — pouca, miúda, mas suficiente para transformar o chão acinzentado em verde. E quando isso acontece, o sertanejo olha para o céu como quem reencontra um velho amigo. A terra bebe devagar, as plantas se espreguiçam, e a vida se ajeita de novo, como quem diz: “Viu? Eu não desisti.”

Hoje, o mar que o sertão espera não é só água. É oportunidade, é dignidade, é futuro. É escola que chega, é estrada que se estende, é tecnologia que brota onde antes só existia poeira. É o jovem sertanejo podendo sonhar sem precisar partir. É a mulher que planta, vende, cria e transforma. É o povo inteiro dizendo, em uma só voz, que recomeçar é verbo da casa.

No Nordeste, esperança não é sentimento — é ferramenta. Se carrega na mão calejada, na fé cotidiana e no sorriso que insiste mesmo quando a vida aperta. E assim, um dia de cada vez, o sertão vai mesmo virando mar. Não de água, talvez, mas de possibilidades.

Porque onde mora o nordestino, a esperança nasce até em solo seco. E quando ela floresce… ah, meu amigo, o mundo inteiro aprende o que significa resistir e renascer.

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