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Nova versão do eleitor espalha formiga em traidor

Das numerosas frases de efeito que li e ouvi, duas das que mais aprecio são de autoria do jornalista Apparício Torelly, o seu, o meu, o nosso Barão de Itararé. Segundo ele, como o Brasil é feito por nós, está na hora de desatar esse nós. Chegou a hora da união contra todas as forças maledetas. Torelly foi ainda mais prosaico ao afirmar que, às vezes, de onde menos se espera é que não vem nada mesmo. Fosse vivo, Itararé certamente teria escrito as duas frases para aquele cidadão que, perdido por dois, resolveu chamar o terceiro para arrombar de vez a pátria amada.

Para quem sabe ler, um pingo é letra. Como o sujeito e seus agregados não sabem, vale a pena desenhar o que pensamos ou sentimos a respeito dele e deles. Para início de conversa, eu nunca tive medo de mula sem cabeça, lobisomem, curupira, saci-pererê e similares. Além dos vampiros à solta no Congresso Nacional, costumo tremer nas bases quando ouvia (e ouço) o moço do Mala-Men. Não sabem de quem se trata? São aqueles dois “irmãos” da igreja do arranca dízimo, os mesmos que, nas manifestações da Avenida Paulista ou da orla de Copacabana, adoram encerrar suas orações pedindo para que não caiam em tentações e que alguém os livre dos Mala-Men.

A origem do meu pavor é justamente o fato de eles não conseguirem se livrar das tentações, muito menos do tal Mala-Men. Será que vão para o inferno? Um já está. Quanto ao outro, o fim também está próximo. Seus seguidores mais fiéis compraram um desses robôs que estapeiam as costas das pessoas que falam mentiras. Com medo de que descubram quem é sua verdadeira mãe, o homem que chama Deus em vão nunca mais falou sobre ela. Chegado ao pastoreio e craque em sacanear seu rebanho, talvez ele tenha medo de encontrar alguém mais filho da moça do que ele.

Coisas de mentirosos contumazes que passam o dia com os joelhos no chão, mas só semeiam maldade quando estão de pé. O pior deles, o exbrochável louco, aquele que recorreu ao rei do pornô para se manter ativo na saliência proativa acima de tudo, parece ter descoberto que a mentira tem perna curta. Tanto que, depois de ser brindado com uma coleira de pé, passou a caminhar com o toba na mão. Chutou tanto as partes baixas e a canela do povo que acabou recebendo de Xandão um bibelô para o tornozelo.

O mimo tem tudo a ver com os governadores que, mesmo envolvidos em maracutaias, defendem o impeachment de ministros do STF e apoiam o diabo louro da Metro-Goldwyn-Mayer. Por falar no pornozão dos EUA, nada de tão assustador para os brasileiros acostumados a conviver com as cobras, a ser sugados pelas sanguessugas e a desviar das antas. Em nome do Pai e do Filho, vale a pena informar ao falso Espírito Santo que perdemos o medo de perder tempo com quem não vale a pena. A eles e aos traidores que se acham donos daquilo açucarado, nada melhor do que o eleitor espalhar formiga na beirada de vossos anéis.

Amante de frases que dispensam comentários, que tal concluir esta narrativa com uma sugestão aos quase 160 milhões de eleitores brasileiros? Talvez a conclusão seja entendida como uma indireta para gente de várias caras. E é. Povo varonil do meu Brasil, não devemos nos envergonhar de ter votado em pessoas que adoram a utilidade alheia e que, logo após a eleição, se revelam falsos profetas e aprendizes de ditadores. Deixemos que elas tenham vergonha da bosta que são. Atentemos para um pequeno detalhe: nada que sai em forma de dejeto volta a seu lugar de origem. Poeticamente, o melhor é explicitar a nova versão da maioria do eleitorado nacional informando aos maluquetes que um eleitor calado pode ser muito pior do que uma pistola com silenciador. Outubro de 2026 está cada vez mais próximo.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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