Quanto mais vivo, mais tenho certeza de que, como falo e escrevo o que vejo, desagrado – e muito – alguns amigos “patriotas” à direita ou à esquerda. Por isso, reitero que não sou, embora comumente seja taxado de esquerdopata. É claro que ninguém gosta de ouvir ou ler verdades incômodas. É uma pena, mas o que fazer. Fosse diferente, eu teria de mentir muito. Acho até que, para fingir que sou cego, seria bastante conveniente falar bem daqueles dos quais tenho ojeriza como político e receio como cidadão. Melhor seria que eu varresse a hipocrisia para debaixo do tapete e escondesse os horrores dos mentirosos e dos vendilhões no subsolo de um latão de lixo
Moro em um Brasil diferente daquele habitado pelos “patriotas”. Tenho certeza de que não vivo no melhor dos mundos políticos. O que ainda resta de bom é a liberdade de elencar pelo menos uma dúzia de coisas que avalio como safadeza com o povo brasileiro e contra a qual nunca vi um “patriota” ou um progressista se insurgir. Como sei que o termo safadeza é deselegante, espero encontrar 12 sinônimos para minha lista de imoralidades. Os que se opõem aos extremismos, principalmente ao de direita são denominados de maus brasileiros. Talvez sejam ruins porque discordam da indecência que é comparar a pensão de um deputado ou de um senador com a de uma viúva de periferia.
Também são antagônicos pois avaliam como indignidade um cidadão ter de contribuir ao longo de 35 anos para ter direito a receber uma mísera pensão. No sentido oposto do trabalhador comum, ex-presidentes e ex-governadores sem nenhuma qualificação, magistrados e parlamentares, a maioria de quinta categoria, necessitam somente de um ou dois mandatos para terem o direito de cobrar pensão máxima e vitalícia. Para isso, basta um juramento de posse. Outro descaramento é permitir que congressistas sejam isentos do Imposto de Renda sobre 1/3 de seus salários. Chamo isso de imoralidade.
Indecoroso é pagar para que os servidores que se servem do Brasil tenham direito a meses de férias, cartões corporativos, além de viagens de primeira classe, alimentação, veículos oficiais com motoristas e auxílio moradia, entre outras vantagens pecuniárias. Tudo por conta da casa. Como muitos deles são beneficiários desse escárnio, os “patriotas” acham tudo isso normal. Depravação é o dinheiro do cidadão ser utilizado para manter 80% do salário de um parlamentar por mais 18 meses após o fim do mandato. Trabalhador algum tem esse benefício.
Isso os “patriotas” também relevam ou se fingem de moucos sempre que são indagados a respeito da desfaçatez. Diria a eles que despudorados são aqueles que, sem pudor algum, elegem como seus representantes pessoas sem a mínima comprovação de capacidade para exercer o cargo. Quem não se lembra que recentemente a incompetência quase levou o Brasil para o buraco? Os “patriotas” morrem, mas não querem ouvir falar do assunto. São os mesmos que apoiam o cinismo dos políticos que querem anistiar os golpistas e os partidos que vandalizam o dinheiro público em benefício próprio.
Audácia maior é xingar autoridades que tentam frear todos os que se valeram – e se valem – das redes sociais para, desavergonhadamente, mentir à sociedade sobre o que não fizeram e desqualificar os feitos dos adversários. O pior de tudo é a desonestidade dos “patriotas” com eles mesmos. Como foram incapazes de produzir algo de útil para o país e seu povo, preferem se esconder sob o manto da discórdia e do ódio, optando pela chicana covarde. Parabéns pelo que nunca fizeram e, graças a Deus, por terem ajudado os brasileiros a entenderem que o presidente do Brasil não pode ser utópico, tampouco de inteligência limitada. Ele tem de ser real e precisa ter um mínimo de lucidez, raciocínio lógico, sagacidade política e, principalmente, ser defensor da moralidade. Presidente falsificado nunca mais.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
