Para um país que já reverenciou a força e a coragem de Ulysses Guimarães no comando da Câmara e o carisma de José Sarney presidente do Senado, muito mais triste do que engolir os meninos chorões Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (PP-AP) é vislumbrar a triste possibilidade de a Casa Revisora ter três senadores representando o clã Bolsonaro. A se confirmar o que ainda é hipótese, estará definitivamente desfeita a tese criada pelo deputado federal Tiririca, para quem pior que tá não fica.
Lançado pelo pai para disputar com Luiz Inácio a Presidência da República em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) certamente permanecerá onde está, com a possibilidade de receber o irmão Carlos Bolsonaro e a madrasta Michelle Bolsonaro para compor a bancada da famiglia que conhece tanto de política quanto eu de jogos de azar. Caso isso ocorra, não terei mais qualquer preocupação em tornar pública o que normalmente digo para mim mesmo: cada povo tem os representantes que merece.
Às favas com o escrúpulo, mas o clã será um deboche para o país, principalmente para o Senado de Paulo Brossard, José Fragelli, Humberto Lucena, Nelson Carneiro, Antônio Carlos Magalhães, entre outras figuras políticas de proa. Pior será a união deles com os que já estão na casa, com destaque para os antidemocratas e antipatriotas Damares Alves, Marcos Rogério, Magno Malta, Hamilton Mourão, Jorge Seif e Sérgio Moro. O astronauta Marcos Pontes completa o zoológico das feras do atraso e do ódio.
Como dizia o eterno Dr. Ulysses sobre o Congresso Nacional, “está achando ruim essa composição? Espere a próxima. Ela será muito pior. E pior, pior….” E o que ele poderia dizer dos filhos e da mulher de um político que, de mito forjado nas serralherias do conservadorismo, não passou de uma bananeira que não deu cacho? Pouco ou quase nada de positivo. O Senhor Diretas certamente preferiria discorrer a respeito de temas mais palpáveis e honestos, algo como o sexo dos anjos ou a metamorfose das borboletas.
Da mesma forma que é impossível falar sobre o inexistente, é fácil antever que, se eleitos forem, Carlos e Michelle Bolsonaro seguirão a trajetória de Flávio Bolsonaro no Senado Federal. Em outras palavras, os eleitores acabarão juntando nada com coisa alguma. Como os demais, além de abstratos, serão incolores, inodoros e insossos. Juntos do pai Jair, eles decepcionaram torcedores, mas não admitem abandonar o campo. Talvez queiram uma nova chance para remontar o time de adormecidos talibãs da (in) dócil, desolada e desamparada tropa bolsonarista, hoje enxertada com Ciro Gomes, aquele que parece bosta n’água, isto é, corre de um lado para o outro e ninguém o socorre.
Com poucas ideias e nenhuma proposta, a famiglia reunida no Senado é um evidente sinal de novos cataclismas no país. Nada que assuste os cerca de 214 milhões de brasileiros, tampouco o provável presidente de quatro encarnações. Com certeza, virão esperneios, soluços, histerismos e até propostas indecorosas. Como o astro está física e mentalmente sem condições de “carregar” políticos que vivem para se servir do Estado, vale dizer que, negativamente, um Bolsonaro incomoda muita gente. Imaginem três tumultuando o Senado! Deus nos defenda. Antes do fato consumado, a expectativa é de um poder de pedras de gelo, daqueles que derrete ao primeiro sintoma mais forte de calor externo. Aguardemos.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
