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Oposição enrosca PT nos lençóis macios de Maduro

Brasília (DF) 30/05/2023 - O presidente da Venezuela, Nícolas Maduro, deixa o Palácio do Itamaraty, após reunião de Presidentes dos países da América do Sul. Foto Rafa Neddermeyer/ Agência Brasileira

Evento futuro, hipotético e com potencial para extinguir a humanidade e/ou qualquer outra forma de vida no planeta Terra, o fim do mundo é apenas um cenário explorado da Bíblia Sagrada pelos filmes de Hollywood. Normalmente, o fim é assustador em todos os formatos. Via de regra, sonhar com o fim do mundo pode indicar simbolicamente o fim de uma visão de mundo que não cabe mais na personalidade atual do sonhador. Na prática, às vezes o sonho é uma mera revelação. Pode ser o desejo de resolver problemas, mudar de vida ou simplesmente tentar acreditar em alguém. Nem sempre esse tipo de sonho é uma experiência positiva. Em muitas das ocasiões, o sonhador acaba estressado, confuso, assustado e desesperado em busca de respostas.

Não sou afeito a terrorismos, tampouco a presságios negativos, mas talvez estejamos vivendo uma situação de fim de mundo no Brasil. Achei que, depois do que vi e ouvi de Jair Messias e de sua turba, jamais experimentaria cair novamente de boca em uma pacobeira, designação menos comum da bananeira. Aproveitando a oportunidade, sugiro entuchar uma pacoba verde na ampola retal do Maduro. Falando sério, tenho a nítida impressão de que estamos bem próximos do atoleiro. Nunca me imaginei presidente da República, mas, baseado nas baboseiras do governo passado e nas asneiras do atual, tenho certeza de que qualquer um pode alcançar tal “honraria”. Tudo indica que chegamos ao mesmo buraco negro. Corremos do bicho que pegava e caímos no laço do bicho que come.

Parecemos um grupo de aventureiros em um garimpo ilegal, no qual a frase mais ouvida é cave aqui e encontrará algo bom. Sinceramente, perdi a esperança, embora continue acreditando em dias melhores. Mesmo impiedosamente incrédulo e pessimista quanto ao futuro do país, estou decidido a dar mais um voto de confiança às minhas expectativas políticas. O que não me permito aceitar é o entendimento sobre a nossa vizinha Venezuela e seu tirano. Dizer que a ditadura de Nicolás Maduro é somente uma narrativa criada contra o déspota é o mesmo que afirmar que Bolsonaro vestia pele de lobo, mas era quase um carneirinho. Talvez a reencarnação de Mahatma Gandhi.

Nada contra a circulação de Maduro. Ele que entre e saia da Terra Brasilis quantas vezes quiser. Inadmissível e paradoxal é ele ser defendido justamente por quem foi acusado antes, durante e depois da campanha presidencial de venezuelização do Brasil. Em quem acreditar? Nesse entretanto, a caravana passa e o governo perde todas para a oposição na Câmara dos Deputados. Lembra até aquele grande escrete carioca que, após dois anos seguidos na segunda divisão do Brasileirão, voltou à primeira, mas, desde o início do campeonato, flerta com o descenso. Não bastasse a sequência de derrotas em temas fundamentais, inclusive com fogo amigo, a bancada petista na Casa resolveu lavar roupa suja publicamente.

Não é novidade para ninguém que o clima entre parlamentares bem próximos de Luiz Inácio está péssimo. Que o digam o líder na Câmara, Zeca Dirceu, e Lindbergh Farias, namorado da presidente do partido, a também deputada federal Gleisi Hoffmann. Dizem as más línguas que é tudo em nome da unidade partidária. Pior de tudo é que, embora “unidos”, os petistas não conseguem controlar o apetite do Centrão, comandado insana, democrática e mercantilmente pelo czar Arthur Lira (PP-AL). Enquanto a base governista se enrosca nos lençóis macios de Nicolás Maduro e insiste em discutir o sexo dos anjos, várias medidas provisórias pra lá de maduras estão perto de caducar.

É claro o sinal de que, com toda inteligência já demonstrada por Lula, o povo brasileiro começa a descobrir que há vida fora dos berços bolsonarista e lulista. Tomara que o povo esteja enganado. Na verdade, tomara que eu esteja enganado e que, em breve, o Brasil volte aos trilhos, mantenha a insatisfação com Jair Messias e, principalmente, que Luiz Inácio recupere o foco, a credibilidade e a esperança que um dia certa atriz disse ter sido roubada dos eleitores. Parafraseando o jornalista Caio Fernando Abreu, quando não se tem mais nada a perder, só se tem a ganhar. É nisso que vou me prender. Há momentos em que a resposta perfeita seria um palavrão. Como ainda acredito no silêncio como o melhor caminho, prefiro a experiência do Marquês de Maricá. Segundo ele, sem a crença em uma vida futura, a presente seria inexplicável. Queira Deus que eu não me arrependa novamente. Quanto a Nicolás Maduro, no meu não.

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