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Pátria amada está mais próxima da hora H do dia D

Com todo respeito à insistência humana por admirar o poder e o sucesso de outrem, idolatria é qualquer coisa acima de Deus. Seja de direita, de esquerda, goleiro, zagueiro, meio campista ou centroavante, nenhum ser humano é digno de idolatria. Pior ainda são aqueles que se entregam a ídolos que trazem mal cheiro, cegueira e ofensas aos homens. Os verdadeiros ídolos não morrem. Eles partem sem nos dizer adeus. É por isso que confio em Deus, mas o Deus de todos e não aquele que alguns imaginavam em cima de nós.

Não tenho ídolos. Tenho admiração pelo trabalho, dedicação e competência. Às vezes, me entrego à hipocrisia, à falsa alegria e à apostasia (renúncia de uma religião) e admiro secretamente os que representam o nada. Pelo menos esses estão longe do culto, da veneração, do paganismo e da paixão. Entre esses, meus preferidos são o Chapolin, o Super-Homem, Fred Flintstone, Mulher-Maravilha, Mandrake, Flash Gordon, o Mickey Mouse, Xandão e, bem longe de mim, o Kid Bengala.

Dos que não são celebridades, mas merecem respeito e muitas homenagens positivas, os incluídos em minha lista não são super-heróis, tampouco metidos a salvadores da pátria. No entanto, cada um na sua área, merece os títulos de célebre, invulgar, notável e eminente. Em ordem desalfabética, marcharia junto e sem preocupação alguma com a carteira ao lado de Volodomyr Zelenski, Sigmund Freud, Charles Chaplin, Ulysses Guimarães, Stanislaw Ponte Preta, Aparício Torelli, papa Francisco e Ayrton Senna, mas nunca com Jair Bolsonaro, Sóstenes de Oliveira e Silas Malafaia.

A idolatria sempre leva o ser humano ao estado terminal de consciência. Por isso, imagino como deve ser terrível ser brasileiro fanático e obrigado a cultuar divindades sem brilho e nada para acrescentar. Mestre da trupe bolsonarista, o ensaísta Olavo de Carvalho morreu, mas deixou em seu lugar Eduardo Bolsonaro, o menino dos olhos de Donald Trump e ídolo da caverna da tribo de abobados denominados “patriotas”. São os tais que estão presos na Papuda ou em outras penitenciárias porque, em busca de um monte de virgens no céu, decidiram atender o patrono do caos e quebraram as sedes dos Três Poderes.

Em ordem analfabética, também tive e tenho respeito e admiração por Chacrinha, Faustão e Raul Gil, conhecidos como líderes da fuzarca. Nessa lista de personalidades populares de ocasião, Eduardinho Malvadinho ficou de fora por não ter pedido ao pai, o Malvadão, para também se associar às sandices de Tio Sam nas águas da Venezuela. Enquanto o ídolo maior dos donos da pátria amada não recebe a chave do quartinho de dois por dois e meio, pop como o falecido papa Francisco só Xandão, cuja caneta bic não poupa ninguém. Foi ele quem começou a cortar o mal pela raiz.

Como uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, no Brasil de hoje andam de mãos dadas a idolatria gratuita e a admiração profunda por quem odeia os que, serena e severamente, aplicam a lei. Vale repetir para esses o que disse recentemente o ex-presidente José Sarney: “O caminho da democracia é irreversível”. Como espero pouco dos idólatras, reitero que não adianta mudar de fila, pois a outra é sempre mais rápida.

Pelo sim, pelo não, lembro que mitos e pastores promovem uma dependência decadente de sentimentos mórbidos ou é próprio de ovelhas bajuladoras que, na ausência de bons pensamentos, tentaram calar Lula, Xandão e Geraldo Alckmin e torceram até pela morte do papa Francisco. Escolham o lado e se manifestem. A hora H do dia D está chegando. Da semana que vem não passa. Anunciada a pena, como ficarão os órfãos do herói papudo da Bozolandia? Faltarão lenços para o rio de lágrimas de crocodilo que esse pode deverá derramar sobre a grama seca da Esplanada dos Ministérios

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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

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