Notibras

Pesquisas para 2026 empurram novos amigos para o colo de Lula quase 4

Embora tente evitar falar de um ou de outro, o noticiário me empurra cada vez mais para um deles. Às vezes, para ambos. É claro que me refiro a Lula da Silva e a Jair Bolsonaro. O problema é que, como seres humanos em estágio de evolução, poucos de nós aprendeu que a mão que afaga é a mesma que apedreja. Sei que faço isso com relativa frequência, mas o que fazer se diariamente sou instado a esse tipo de decisão. No linguajar da elite triste, mal-amada e preconceituosa, a esquerda é algo bem parecido com a hanseníase, uma das doenças mais antigas da humanidade e que até hoje é cercada de muita conotação negativa.

Devidamente tratada, ela proporciona qualidade de vida aos pacientes e pode barrar o contágio. A hanseníase é causada por uma bactéria. Como Lula e o PT nada têm a ver com bactérias, ficou fácil para a turma da oportunidade se aproximar sem riscos. Não tenho conhecimento, mas estou bem próximo de assegurar que o atual governante recebe diariamente currículos de críticos, de “patriotas” sem rumo e sem emprego, de poderosos sem cargo, de políticos da direita sem mandato e de irmãos que, até prova em contrário, tinham o peito até aqui de mágoa contra os brasileiros que defendem a democracia.

Me lembro bem que foi só o caminhão de mudança encostar no Palácio da Alvorada para a expulsória de Jair Messias para que turma do meu pirão primeiro começasse a se esgueirar no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde se reuniam os membros da transição. A “lepra” definitivamente havia mudado de lugar. Esqueceram rápido o abraço de tamanduá do ex-presidente do fim do mundo. E não podia ser diferente. Lula ainda não é melhor, mas é o amigo da vez.

Não é nada, mas o atual presidente mostra um carisma que o antecessor fingia desconhecer. Diferenças à parte, o que mais impacta a fila de “novos petistas” são as pesquisas sobre 2026. Uma das mais recentes aposta que Lula venceria com folga os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Junior (PR) e Ronaldo Caiado (GO) e, de quebra, engoliria a ex-coisa alguma Michelle Bolsonaro. A maioria dos institutos vai de encontro àqueles que, lunáticamente, ainda acreditam na hipótese de Jair concorrer.

Perdem o mesmo tempo que perderam acreditando em uma proposta de mito que não vingou nem nas marolinhas do Lago Paranoá. O problema é o tal estágio de evolução. Para esses, às vezes a leitura é na forma inversa. A pouco menos de um ano das eleições presidenciais, do diabo em figura de gente, Lula passou a ser o irmãozinho querido de muitos ex-adversários, inclusive do deputado Arthur Lira, que precisará de apoio para se eleger senador por Alagoas.

É do “seromano” (dessa forma mesmo). Assim como são os homens são as criaturas. Quanto ao bolsonarismo, a conta chegou rápido. Enfim, a novela presidencial hoje tem um roteiro adaptado à realidade do país. Em outras palavras, não há mais chance de inclusão de um vilão sem argumentos na reta final do folhetim. Odete Roitman não morreu, mas Jair Bolsonaro desapareceu.

…………………

Misael Igreja é analista de assuntos políticos, econômicos e sociais de Notibras

Sair da versão mobile