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PF teme exposição na mídia e pede a ida de Bolsonaro pra Papuda

A prisão de Jair Bolsonaro em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, está desencadeando um movimento silencioso — mas crescente — entre delegados, agentes e escrivães lotados na unidade. Segundo informações obtidas de fonte fidedigna, o descontentamento interno pode levar o ministro Alexandre de Moraes a antecipar a transferência do ex-presidente para o Complexo Penitenciário da Papuda, onde deverá cumprir a pena de 27 anos à qual foi condenado por tentativa de golpe de Estado.

A chegada do novo “hóspede” alterou profundamente a rotina da Superintendência. Antes, o fluxo de servidores era relativamente discreto: equipes usavam diariamente uma porta lateral, afastada de olhares externos e que servia como um acesso operacional. Agora, o cenário é outro. É que a entrada foi interditada por razões de segurança e controle, e uma placa objetiva dá o recado: “Entrada Proibida.”

Sem a rota habitual, os policiais federais precisam contornar o prédio e usar exclusivamente a portaria principal — justamente o ponto de visão de onde se concentram cinegrafistas, fotógrafos, repórteres e manifestantes que fazem plantão desde que Bolsonaro foi levado ao local. O que antes era um espaço funcional transformou-se em vitrine involuntária para cada servidor que entra ou sai. Para muitos, é exposição indesejada.

A mudança acentua a tensão no ambiente interno. A presença de um ex-presidente sob custódia, com tratamento diferenciado e regime especial, reacendeu divisões entre os próprios policiais: de um lado, os simpatizantes do bolsonarismo, que veem sua prisão como perseguição política; de outro, a maioria silenciosa, preocupada apenas em trabalhar e garantir a normalidade das operações. A convivência entre as duas posturas, já delicada, ficou ainda mais difícil com a nova logística imposta.

Além da exposição midiática, há fatores operacionais. Sistemas internos têm enfrentado instabilidade há semanas, prejudicando investigações e rotinas administrativas. A chegada de um preso de alta complexidade — cercado de protocolos rígidos — apenas ampliou o desgaste. “Nossa vida já não é fácil. Agora piorou”, resume um dos agentes, sob condição de anonimato.

A sensação de que a estrutura está sendo sacrificada em função do preso especial fortaleceu a pressão para que o ministro Alexandre de Moraes determine a transferência definitiva de Bolsonaro para o presídio da Papuda, onde as regras de custódia seguirão a rotina padrão prevista para condenados pela Justiça.

Enquanto isso, na unidade da PF no Setor Policial Sul, a presença do ex-presidente vai alterando não apenas corredores e portarias, mas também o humor e a dinâmica de trabalho de dezenas de servidores que agora transitam entre câmeras, militantes, protocolos reforçados e um desconforto que cresce a cada dia.

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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras

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