No sertão nordestino, entre ruas de terra e calçadas de pedra, uma brincadeira simples, mas cheia de energia, continua a reunir crianças e adultos em momentos de pura diversão: a Queimada.
Também conhecida em outras regiões como “caçador” ou “baleado”, a Queimada é uma brincadeira tradicional muito popular no Nordeste do Brasil. Jogada principalmente em ruas, praças e escolas, ela faz parte do imaginário de várias gerações e carrega um forte valor cultural e social.
A brincadeira é feita entre dois times. Cada equipe ocupa um lado da quadra ou espaço delimitado. O objetivo é acertar os jogadores do time adversário com uma bola. Quem for atingido e não conseguir pegar a bola “no ar” está “queimado” e deve sair da área principal do jogo – muitas vezes indo para a “prisão” atrás do campo adversário. A equipe vence quando consegue eliminar todos os jogadores do outro time.
Tradição e resistência
A Queimada não é apenas uma atividade física; é também um elo entre gerações. Em muitas comunidades nordestinas, pais e avós ensinam as regras aos mais novos, mantendo viva essa tradição em meio ao avanço dos jogos eletrônicos e do entretenimento digital.
“A gente brincava de queimada todo dia depois da escola. Era só risada e disputa boa com os vizinhos”, conta Dona Maria José, 68 anos, moradora de Campina Grande (PB). “Hoje ainda vejo meus netos brincando, e fico feliz de ver que não se perdeu.”
Escolas da rede pública e privada também adotam a Queimada como parte do currículo de Educação Física. Além de trabalhar o condicionamento físico, a brincadeira desenvolve habilidades como trabalho em equipe, agilidade, coordenação e estratégia.
Mais que um simples jogo, a Queimada é um patrimônio lúdico do Nordeste brasileiro. Sua força está na simplicidade, no espírito comunitário e na alegria que proporciona. Em cada bola arremessada, há uma história, uma infância vivida e uma cultura que resiste.
