Notibras

Por aquecimento econômico, o homem aquece a Terra e pode ficar sem chão

Em tempos de COP 30, nada melhor para o Brasil do que seguir a máxima de que tudo seja leve de tal forma que o tempo nunca leve. Nos debates em torno do tema, há fatos e fakes. O fato principal é que o clima no mundo está mudando mais rápido do que as ações para lidar com a questão. Entre as fakes, as mais nocivas são as argumentações negacionistas que buscam semear a dúvida sobre o conceito científico, muitas vezes com base em ideologias ou interesses econômicos. Esses são bem-informados, sabem que a crise climática exige ação imediata, mas decidiram apostar no caos. Aliás, como sempre fizeram e continuam fazendo.

As fakes mais corriqueiras revelam que o aquecimento global é um exagero da mídia, que as medidas de combate às mudanças climáticas vão prejudicar a economia e que ainda há tempo para implementação de políticas de domínio do clima. Não há. E todos sabemos disso. No entanto, na cabeça descompensada de determinados mandatários a economia é mais importante do que a vida. Uma pena, pois, um dia, todos pagaremos pela tola patetice de meia dúzia. Nesse dia, talvez tenhamos economias sólidas, elites nababescas, mas certamente nos faltará ar para respirar e chão para pisar.

Seremos a materialização do sucesso e da vaidade humana, mas não teremos mais o planeta. Foi assim durante o período da epidemia de Covid-19. Sob o comando de dois presidentes ilimitadamente negacionistas, queimamos florestas para pastos, poluímos rios na busca clandestina pelo ouro e furamos novos poços de petróleos, mas não conseguimos evitar a morte de milhares de pessoas atingidas por uma “gripezinha” descaradamente criada pelos chineses para matar. Tudo isso decorrência clara de nossas escolhas temporárias. Ou seja, como a vida é a soma de nossas escolhas, temos o destino que merecemos.

Qualquer um de nós tem liberdade para escolher o que acha melhor para sua caminhada. Sempre disposto a andar olhando para frente, sigo a norma shakespeariana. Com base nela, sei que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito. Eis a razão pela qual vivo equilibrando meu tempo entre escolhas e consequências. Sabedor de que todas as escolhas têm perdas, nas disputas políticas normalmente me preparo para perder o irrelevante, ao mesmo tempo em que me torno apto para conquistar o fundamental.

É o tempo (sempre ele) que nos dá as respostas acerca de nossas escolhas. Do ponto de vista da rapidez, o tempo é veloz como a luz e passageiro como o vento. Do ponto de vista humano, a vida é curta como um sopro e passa como um nevoeiro. Portanto, não tenhamos pressa, mas não percamos tempo. Na prática, podemos dizer que não é bom para a alma desperdiçar nosso tempo com quem não vale a pena, pois o tempo passa ligeiro e a vida acaba em um piscar de olhos. Resumindo as teses dos cadernos filosóficos, tudo é passadiço, efêmero, momentâneo e provisório.

Por isso, pensemos bem antes de fazer algo que não acrescente nada em nossa existência. Por exemplo, minar as resistências da natureza, ainda hoje o único livro que oferece conteúdo valioso em todas as suas folhas. O tempo voa sobre nós, mas deixa sua sombra. Do ponto de vista do meio ambiente, nunca é demais destacar a importância e o dever coletivo de cuidar do planeta. Em nome da economia e da riqueza de um povo, muitos fazem pouco caso da Terra. Esquecem que ela (a Terra) fornece o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de alguns homens. Ou escolhemos pessoas preocupadas com o meio ambiente e com o sustento das árvores ou, em breve, viveremos em um mundo que não sustentará pessoas. O planeta não negocia. Ele cobra e, às vezes, de modo letal.

…………….

Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

Sair da versão mobile