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Povo topa pacificar, mas primeiro encarcerar

Entre os parlamentares que mamaram nas tetas do bolsonarismo, entre os que se dizem governo por conveniência e entre os patriotas de araque, a palavra da moda é pacificar. Quem? O que? O povo ordeiro e os verdadeiros brasileiros topam pacificar, desde que, antes de qualquer tentativa de pacificação, eles também possam criar um outro modismo vernacular: encarcerar. Esta deveria ser a palavra de ordem da sociedade contra a mulambada que atende pelos codinomes de deputados, senadores e presidentes de partidos.

A proposta pode parecer brincadeira, mas é seríssima. A bem da verdade, seria séria, não fosse o grau de comprometimento de boa parte da população com a palhaçada dos 584 artistas homiziados no Congresso Nacional dos absurdos. O termo exato não é esse, pois, de fato, eles estão escondidos na Câmara e no Senado, com medo de responder no Supremo Tribunal Federal, constitucionalmente o foro para julgar parlamentares. É a chamada prerrogativa da função exercida exclusivamente em benefício da própria conta bancária.

Em lugar do plenário, os chamados homens públicos deveriam estar recolhidos às galerias reservadas para os presos de alta periculosidade. A chamada feita pelos policiais penais substituiria a presença no painel eletrônico Em vez de copa, copeira e garçom, a sopa de entulho e o cafezinho com pão e margarina seriam servidos no pátio vigiado 24 horas e destinado especificamente aos ladrões com diploma de curso superior comprado em faculdades de meio de esquina.

Que tal o camburão como condução oficial? Certamente alguém sem memória ou neurônios avaliará este meu desabafo como o cúmulo do desrespeito com nossas briosas, honestas e zelosas excelências fora da curva e absolutamente distantes da ética e dos bons costumes. Mas como respeitar que me desrespeita como cidadã, como contribuinte e, principalmente, como eleitora durante os quatro ou oito anos de mandato? Se querem respeito, me respeitem.

Não somos números, nem objetos, mas seres humanos que exigem respeito e políticas justas. Se deputados e senadores querem ter o povo como inimigos, terão. Para começo e fim de conversa, não existe anistia para golpistas, tampouco impunidade para aqueles que se locupletam com o crime organizado. Depois da aprovação a toque de caixa da PEC da Bandidagem, em quem votar? No PL, União Brasil, Republicanos, MDB, PSDB, PT ou PCC, CV, TCP ou na Al Qaeda? Como o serviço sujo e criminoso a ser entregue é o mesmo, a escolha é de cada um de nós. Lembrem-se que há somente dois tipos de pessoas no Congresso. Evitem as duas.

Entre o que chamam de ladrão e os que são ladrões, mas posam de heróis nacionais, minha preferência é pelo mais honesto. Se preferirem, pelo menos desonesto. Interessante é o sumiço dos governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Junior (PR), Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC), Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO). Será que eles, normalmente apresentados como paladinos da moralidade, apoiam as imoralidades oficializadas com PEC da Bandidagem e Anistia para Golpistas? Como farinhas da mesma mandioca, acho que sim, embora tenham optado pelo voto secreto.

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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

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